Se os marcianos resolvessem invadir a Terra e dessem de cara com os jogos do Grêmio na temporada, eles encontrariam dois mundos diferentes. Seria difícil explicar que se trata do mesmo grupo de atletas comandados pelo mesmo treinador.
No primeiro mundo, a equipe tem uma campanha irrepreensível. Nenhuma derrota em 15 partidas. Sofreu apenas um gol, na segunda rodada, contra o Aimoré. E marcou 38 gols nos adversários. Campanha de time com pinta de campeão.
Do outro lado, o nosso invasor verá um grupo que tem apenas 11,1% de aproveitamento nos três jogos disputados. Nenhuma vitória. Duas derrotas e um empate. O time de Renato Portaluppi marcou apenas um gol, com Everton, na primeira rodada.
A principal explicação para a diferença dos desempenhos está nos adversários. No Gauchão, os times têm menos qualificação técnica em comparação com aqueles que disputam a Libertadores. É uma competição mais fácil. Como o saudoso Wianey Carlet falava, "engana bobo".
É evidente que subiu a régua. Libertad, Universidad Católica e Rosario Central são times de capacidade média na atualidade. Não há aquele que seja o saco de pancadas. A vida gremista é mais complicada. Mas não precisava ser tanto pelo poderio que o Grêmio possui.
Os paraguaios surpreenderam como protagonistas da chave, ganhando três partidas. Na mesma medida, o Tricolor, que poderia ser o bicho-papão da chave, ficou muito abaixo da expectativa. Corre risco de bailar muito cedo frustrando o seu torcedor.
Renato Portaluppi se viu obrigado a operar mudanças na equipe. É hora dos jovens Matheus Henrique e Jean Pyerre injetarem sangue novo no time. Porém, não podem ser apontados como salvadores da pátria.
O treinador terá de mexer mais no time. Trazer de volta Alisson para ser o meio-campista pelo lado direito. Preparar Tardelli para assumir uma função entre os titulares. Apostar, mais uma vez, na recuperação de André.
Reanimar o grupo que vem abalado pelas atuações fraquíssimas na Libertadores, é difícil, mas a luta continua. A cartada contra o Rosario Central pode ser decisiva.
Por fim, respondendo à pergunta do título, o verdadeiro Grêmio não é aquele que está barbarizando no Gauchão e nem aquele que faz uma fraca campanha na Libertadores. É o meio termo. Precisa de jogadores de grande qualidade, que não estão rendendo tão bem como Luan, Maicon e Michel, dos emergentes Matheus Henrique e Jean Pyerre. E de outros, que ainda estão em processo de adaptação, como Vizeu e Tardelli. Alguns que têm altíssima qualidade e estão oscilando em alguns momentos como Everton, Geromel e Kannemann. E tantos que precisam engrenar de vez como André, Cortez, Alisson, Marinho e Leonardo Gomes.