Vamos lá. É necessário deixar o mais importante neste momento para tratar aqui de futebol. Isso porque. acreditem, ninguém toma a atitude e suspendê-lo, pelo menos, até que a rotina no Rio Grande do Sul tenha um traço de normalidade. Quando falo traço, é traço mesmo. Normalidade, está longe de termos. Mesmo assim, há a discussão despropositada sobre futebol. Aliás, já há até jogo marcado para a Dupla.
A Conmebol anunciou, na madrugada de domingo, que Inter e Grêmio recuperarão as partidas nos dias 4 e 8 de junho. Realmente, à meia-noite de sábado para domingo é um horário em que as pessoas estão mesmo ligadas no noticiário, antenadas para saber as últimas notícias esportivas. A Conmebol sabe que Porto Alegre não estará pronta para acolher as partidas de Grêmio e Inter como mandantes nestes dias.
Brasileirão – Bom, a Conmebol, mesmo errada, tomou uma decisão. A CBF poderia fazer o mesmo, mas repassou aos clubes. Ela sabe que os clubes, quando se sentam à mesa, não decidem nem se o café será expresso ou passado. A falta de coragem da CBF dinamitou até mesmo os blocos. A Libra, onde está o Grêmio, já teve expoentes, como o Flamengo, se pronunciando contra a paralisação. Por outro lado, o Atlético-MG é favorável. Aliás, que festa linda do Galo ao colocar 36 mil pessoas no treino e arrecadar donativos.
A LFU discute internamente. Há divergências. Seria mais simples a CBF ter decidido. Mas repassou aos clubes na sexta. No domingo, a entidade chamou reunião só para o dia 27, frustrando a expectativa. Um minuto de empatia hoje, não no dia 27, seria suficiente para entender que futebol não passa pela nossa cabeça. Nossa atenção está na medição dos rios, na aflição no número de mortes, na ajuda aos que perderam tudo.
Tanto é que, se uma decisão deles sair nesta segunda, possivelmente a atenção de torcedores do Inter, do Grêmio e do Juventude estará no próximo boletim da meteorologia, na última medição do Guaíba, na aflição de ver o número de vítimas subindo, na ajuda que será preciso dar aos seus funcionários que perderam tudo na enchente. E também na central de recolhimento de donativos que montaram, como vão reconstruir seus CTs e estádios, nos projetos que o governador e o prefeito da Capital elaboram para evitar novos desastres.
Só depois disso, é que vão pensar em futebol. Ah, talvez lembrem que houve rodada neste fim de semana, disputada em um mundo que parece paralelo.