A Premier League acordou para o abismo que só aumenta entre clubes movidos pelo dinheiro dos xeques de City e Newcastle e de bilionários como o novo dono do Chelsea dos demais. Na segunda-feira (29), votará um fair play financeiro baseado em um cálculo que tem como ponto de referência o clube com menor arrecadação entre os 20 da primeira divisão. Inicialmente, o limite para gastos com salários, contratações e comissões de empresários seria de 4,5 vezes o que tal equipe arrecadou com transmissões e acordos individuais. Para avançar na votação, o número passou para cinco.
Com isso, a conta ficaria assim: em 2022/2023, o Southampton arrecadou 106 milhões de libras; se estivesse valendo para essa temporada, o limite de gastos na formação e manutenção do grupo seria de 518 milhões de libras. Manchester City e Chelsea gastaram bem mais do que isso nesta temporada.
A adoção de um fair play mais rigoroso ganhou força com o aumento do predomínio do City, bancado pela fortuna dos xeques de Abu Dhabi, apontados como donos de forte influencia na PL. O time de Guardiola caminha firme para o tetra. Serão seis títulos da Premier League em sete edições.
Além disso, poucos conseguem escalar o degrau existente entre os Big Six (City, United, Arsenal, Tottenham, Chelsea e Liverpool). As vagas nas principais Copas europeias e suas cotas generosas ficam com eles. O próximo Mundial da Fifa distribuirá 2 bi de euros. Os ingleses garantidos são: City e Chelsea. Ou seja, ficarão ainda mais ricos.
O movimento de equilíbrio nos gastos começou com os pequenos da Premier League e os remediados que tentaram, sem sucesso, furar a bolha do Big Six, casos de West Ham, Crystal Palace e Fulham. Só que o discurso ganhou reforço, desta vez, de alguns grandes que vêem risco de descolamento com a gastança de Chelsea, City e Newcastle. Esse último é um caso exemplar. Lutava contra o rebaixamento no primeiro turno da temporada 2020-2021. Comprado pelo Fundo de Investimento Árabe, escalou a tabela. Nesta temporada, disputou a Liga dos Campeões.
Vendo os ingleses darem esse passo, para retomar o equilíbrio em sua Premier League, bate a inveja aqui. Eles já haviam avançado na divisão dos recursos da TV, em que a diferença entre quem ganha mais e menos não pode superar 1,5 vezes. Só que o controle escapou na outra ponta, dos gastos. Estão tentando amarrá-la. Enquanto isso, aqui no Brasil, os clubes não conseguem acertar a divisão de receita em um contrato de televisão, dividem-se em blocos, perdendo dinheiro, e seguem atrelados à CBF.