Antes de iniciar qualquer discussão sobre a negociação dos direitos de TV do ciclo 2024-2029, vou deixar claro: evite grenalizar. Até porque, no modo como se desenha, não haverá clube vencedor. Só vencidos. Isso porque alguns perderão, outros manterão o que têm hoje e nenhum ganhará mais.
Pelo menos, é isso que mostram os números apresentados na reunião de quinta-feira (8) em que os integrantes da Libra assinaram um protocolo de entendimento com o Grupo Globo, que se compromete a pagar R$ 1,1 bilhão, mais 50% das vendas do PPV, estabelecendo um mínimo do bolo todo de R$ 1,3 bilhão. Em 2023, os nove clubes da Libra na Série A dividiram R$ 1,250 bilhão. É preciso trocar na lista, para este ano, o Santos pelo Vitória.
Além disso, a Libra promete destinar 3% para os clubes da Série B. Ou seja, a renovação mantém os padrões financeiros do contrato anterior. O que só mudaria se o PPV revertesse a curva de queda acentuada nas vendas ou a Globo sublicenciasse alguns jogos para outras TVs, assim como faz com a Copa do Brasil, em que vendeu algumas partidas para a Amazon.
Dirigentes da Forte Futebol ainda acreditam em uma reviravolta. O que os clubes da Libra assinaram na quinta-feira foi apenas o protocolo de entendimento, que vence no dia 23. Líderes da LFF acreditam que ainda há espaço para reagrupação nesses 11 dias e venda em conjunto dos direitos.
O presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro de Barros, segue sendo a ponte entre a Libra e a LFF. Corinthians e Santos, com seus presidentes recém empossados, ainda não estariam convictos de que esse é o melhor caminho. Esses dois clubes, apostam líderes da LFF, seriam o caminho para trazer de volta a discussão em bloco único.
Nesse cenário de negociação, quem comemora a vitória é a Globo. Seus representantes na negociação tiveram o que comemorar no Carnaval e fizeram a sua parte. O fracionamento dos clubes é favorável a quem pretende comprar os direitos. Numa mesa em que se trabalha com cifras na casa do bilhão, cada um joga com as suas armas.
A Globo, ao encaminhar o acerto com a Libra, descompactou o bloco que parecia se formar. Algo semelhante ao que havia acontecido no começo da década passada, na época do Clube dos 13, quando passou a negociar os acordos individualmente com os clubes.
Há quem aposte que a compra dos direitos para 2024-2029, com os 40 clubes, chegue perto de R$ 3 bilhões. No cenário atual, a Globo chega com as cartas na mesa para negociar com os clubes da LFF, já que os valores estabelecidos a partir do acerto encaminhado com a Libra modulam as conversações. Além disso, a empresa tem se mantido firme na questão de valores. Seus executivos avisaram em todas as reuniões disporem de um valor específico para essa transação, sem margem para aumento.