A Seleção Brasileira vai para seu primeiro grande desafio nesta Era Diniz. Enfrentar o Uruguai, em Montevidéu, nunca foi fácil. Embora os números sugiram o contrário. São 22 anos de invencibilidade do Brasil. Porém, o momento de transição total da Seleção nos deixe como franco-atiradores nesta noite.
Há um técnico novo, como conceitos e modelo diferentes daqueles usados na Era Tite. Aliado a isso, há um grupo novo sendo montado. São apenas 12 dos 26 que foram ao Catar. Há 11 novatos, sendo que três deles, estreantes. Dois, inclusive, estarão em campo, os laterais Yan Couto, do Girona, e Carlos Augusto, da Inter. Yan foi formado no Coritiba, Carlos, no Corinthians. É bom avisar porque muita gente nem sabe de quem se trata.
O problema maior, vou dizer, nem é a reformulação. Muito menos a tuma estreante. O que mais desafia Fernando Diniz neste momento é como ele colocará em prática seu conceito de futebol. Requer tempo jogar daquela forma, sempre com a bola, controlando o jogo e povoando o setor do campo em que ela estiver. Só que tempo, na Seleção, é como uma nota de R$ 3. Não existe. Diniz teve um prêmio com os três primeiros jogos. Bolívia, Peru e Venezuela eram a chance de treinar com selo da Fifa. Porém, a Seleção foi caindo de rendimento. Empolgou contra a Venezuela, sofreu contra o Peru e fez uma atuação ruim contra a Venezuela.
Era nítido e claro que a aposta em Diniz exigiria tempo para que suas ideias fossem absorvidas pelos jogadores. É complicado sair de um modelo posicional (em que cada um ocupa seu espaço) para um funcional, em que a referência é a bola. Mesmo quando se lida com jogadores de alto nível e de cognição acima da média. Para completar o combo, ainda temos nosso principal jogador em crise existencial. Neymar parece se incomodar até com o vento. Ele deveria ser a liderança técnica e o guia de um time novo. Mas, aí, seria pedir demais. Por todo esse cenário, batizaria o jogo desta noite como o "Risco Diniz". Menos por ele, muito mais pelo contexto.