Bitello está reticente em jogar na Rússia. Há o bloqueio imposto pela Uefa e, também, há pouca visibilidade. Acrescente-se a isso, o fato de o Dinamo Moscou ser, hoje, a quinta ou sexta força do futebol russo, como me conta por mensagem o russo Grigory Telingater, jornalista do portal Championat. Porém, nos dias de hoje, completa Grigory, o Dinamo joga o futebol mais empolgante da Rússia.
O técnico checo Marcel Licka trouxe uma ideia ofensiva que tem feito o time fugir do defensivismo e do jogo reativo que impera no país. Neste momento, o Dinamo ocupa o quarto lugar na tabela e tem entre seus grandes feitos nesta temporada a vitória sobre o Zenit, em São Petersburgo. Hoje, o Zenit é a principal força do país.
A primeira proposta do Dinamo ficou abaixo do esperado pelo Grêmio. Tanto pelos valores quanto pela forma de pagamento, em parcelas. Na mesma época, os russos também fizeram uma investida para levar o meia convertido em lateral-esquerdo Rubens. A oferta também foi considerada baixa. Nesta última semana de janela aberta, os russos vieram com força e chegaram ao valor pretendido pelo Grêmio. O Dinamo busca um jogador para atuar pela esquerda, como Bitello atuava em um primeiro momento no Grêmio. Ele seria o sétimo latino do time de Marcel Licka. Estão lá os zagueiros paraguaios Balbuena e Roberto Fernández, os uruguaios Marichal, zagueiro, e Laxalt, lateral-esquerdo, o meia colombiano Carrascal e o volante mexicano Luís Chávez.
A aposta do Dinamo em um time latino visa a resgatar seus melhores dias. Eles já estão amarelados no museu, é bom que se diga.
O clube foi poderoso na época da União Soviética, administrado pela polícia secreta. Como no período soviético, a polícia secreta tinha posição central no governo, claro que o Dinamo mandava. Quem estava por trás era a NKVD, que depois viria a se tornar a KGB. Assim, o clube engatou títulos na época da União Soviética. Ganhou 16 entre 1936 e 1984. Foram 11 campeonatos nacionais e cinco copas. A perestroika trouxe, junto, a seca de títulos. O Dinamo ganhou apenas uma Copa da Rússia, em 1995. Em 2016/2017, ainda caiu para a segunda divisão.
Como quase todos os clubes russos, o governo está por trás, gerindo e bancando. O Dinamo tem como principal "patrocinador" o VTB, o banco de comércio exterior da Rússia. Foi o VTB que financiou a reforma no estádio, reinaugurado em 2019. A Arena VTB, aliás, carrega outra parte da história. O nome oficial é Estádio Central do Dinamo, mas ele também leva o nome de Lev Yashin, o lendário goleiro russo e único de luvas a ser eleito melhor do mundo. Yashin foi multicampeão pelo Dinamo.
O estádio, aliás, tem uma arquitetura única. Sob a mesma cobertura, estão duas arenas, uma para futebol, com 25 mil lugares, e outra para basquete, hóckey e shows, além de um shopping center. O plano era alinhá-lo como sede da Copa. Porém, o Spartak, clube mais popular do país, havia inaugurado sua nova casa em 2014 e levou a indicação. Agora, o Dinamo tenta fazer da sua casa o endereço do futebol latino na Rússia. Com o gremista Bitello.