Quando surgiu a notícia de que Messi desembarcaria na Flórida em uma espécie de Barcelona vintage, ao lado de Busquets e Suárez, imediatamente veio a pergunta: como encaixar tantos jogadores em um time sem que as regras de orçamento e transferências da MLS sejam batidas?
Os norte-americanos, sabemos todos, são craques em criar ligas e fazer delas disputas competitivas e com alta capacidade de entreter. Tudo baseado em normas rígidas e limites estabelecidos entre as franquias (como são chamados os clubes geridos por donos).
Porém, para temor da torcida gremista, essas regras podem ser dribladas. A coluna tenta explicar a engenharia financeira que faz funcionar a MLS e, nela, os movimentos que o Inter Miami pode fazer para acolher em seu grupo jogadores de salários fora do orçamento. Aliás, para conhecimento: a janela de transferências abre em 5 de julho e fecha em 2 de agosto.
Salary Cap
É o orçamento total que o clube tem para gastar com salários na temporada inteira. Para este ano, é de US$ 5,21 milhões. Cada clube pode contar com até 30 jogadores em seu grupo, sendo que 20 deles sejam "seniors".
Caso optem, podem contar com apenas 18 seniors e dividir entre eles todo o seu "salary cap". O teto máximo que podem receber é US$ 651.250 por ano. Os jogadores que ocupam os "slots" 21 ao 30 fazem parte da lista suplementar, e o salário deles não conta no orçamento.
Esses são atletas que recebem o mínimo sênior (US$ 85 mil), o mínimo reserva (US$ 67 mil), os da geração Adidas Player (sub-22).
Designated Player
É aqui que mora o perigo. O "Jogador Designado", na tradução, foi um mecanismo criado justamente para a MLS absorver David Beckham, quando ele desembarcou no Los Angeles Galaxy, na temporada 2006/2007. Para a chegada do astro inglês, foi criada a regra que permite aos clubes contar com até três jogadores cujos salários excedem o orçamento.
O Inter Miami, neste momento, tem suas três vagas de Jogador Designado ocupadas por Gregore, ex-Bahia, pelo meia mexicano Rodolfo Pizarro e pelo atacante venezuelano Josef Martínez. Além deles, há equatoriano Leo Campana, comprado ao Wolverhampton, um sub-22. Mas há regras e mecanismos para "comprar" a vaga de deles de Jogador Designado, usando o "allocation money".
Allocation money
Na tradução, dinheiro realocado. Trata-se de uma cifra disponibilizada pela MLS para que os clubes "comprem" o salário do jogador designado e o transformem em um atleta dentro do seu grupo sem que seu vencimento impacte no orçamento.
O caso do Inter Miami deixa claro como esse movimento pode ser feito. O volante Gregore, em recuperação de cirurgia até setembro, receberá um valor para que seu salário seja rebaixado, e ele deixe de ser Jogador Designado. O mexicano Pizarro, com contrato até o fim deste ano, é outro que pode, facilmente, ter seu salário comprado.
No caso do equatoriano Campana, transformá-lo em jogador comum demandaria muito dinheiro. O Inter Miami pagou US$ 2,7 milhões por ele em 2022 e pretende recuperar parte do investimento. A saída pode ser revendê-lo dentro da MLS.
Ou trocar seus direitos por "allocation money" de outro clube. Se fizer esses movimentos, Beckham abrirá duas vagas de Jogador Designado e, assim, pode receber mais dois ex-Barças pedidos por Messi: Suárez e Busquets.