O Metropolitanos curte sua primeira aventura na Libertadores. Novato no futebol venezuelano, o clube tem como endereço a cidade de Los Teques, na região metropolitana de Caracas. Mas manda seus jogos no Estádio da UCV, cuja reforma no gramado dividiu com o Caracas FC, o gigante da cidade. Conhecido como Los Violetas, pela cor da camisa, o Metropolitanos tem apenas 11 anos de vida e surgiu da paixão de pai e filho pelo futebol. Entenda.
O Metropolitanos dos Ferros
Advogado, proprietário de uma agência de viagens e ex-professor universitário, Juan Carlos Ferro era um daqueles pais que acompanham os filhos nos jogos das escolinhas. Assim, ele entrou para o mundo do futebol. O tempo foi passando, e o filho, o zagueiro Andres Ferro, avançando de categoria.
Em 2012, Juan Carlos viu que o futebol poderia ser bem mais do que diversão de pai e filho. Ele e seu sócio na agência de viagens, Mariano Diaz Ramírez, resolveram comprar a franquia do Lara F.C. Levaram o clube para Caracas, rebatizaram como Metropolitanos e, assim, iniciaram a trajetória do rival do Inter na noite desta terça-feira (18), no Beira-Rio.
Na Venezuela, em que tudo é estatal, o futebol é privado. Começou, claro, com empurrão do governo. Hugo Chávez, presidente à época, fez do país sede da Copa América 2007. Construiu estádios pelo país e estimulou o aumento do Campeonato Nacional, de 12 para 20 clubes. Esses clubes acabaram nas mãos de empresários locais, que viram na formação de talentos um grande negócio.
Não foi à toa que vimos, nos últimos anos, surgirem tantos jogadores venezuelanos. Por aqui, por exemplo, passaram Seijas, Savarino, Otero e Soteldo, que foi e voltou. Há nomes vom trajetória na Europa, como Tomás Rincón, no Torino, e Salomón Rondón, que rodou por Inglaterra e Espanha até desembacar no River. Nos Estados Unidos, Joseph Martínez foi um dos destaques da MLS.
O clube subiu para a elite dois anos depois de criado. Caiu na primeira temporada e voltou em 2016 para ficar. Disputou duas vezes a Copa Sul-Americana e, em 2022, conquistou o título nacional. O projeto do clube, porém, é formar jogadores para vender, como fez com Daniel Pérez, negociado aos 19 anos com o Club Brugge.
Uma das promessas atuais é justamente o filho do presidente. Andres Ferro, zagueiro, 21 anos, acabou de ser convocado para a seleção principal pelo técnico argentino Checho Batista. Em 2022, foi titular no vice do Torneio de Toulon. Na final, a seleção perdeu para a França. Ferro voltou para casa com o apelido de Kayser de Toulon. Ao lado de Jefre Vargas, do meio-campista Laratonda e do veterano Charlis Ortiz, 36 anos, ele é destaque do time que só existe porque, lá na origem, o pai entrou no mundo do futebol ao levá-lo aos treinos da escolinha.
A continuidade é um dos segredos da ascensão nacional do clube. O técnico José María Morr, 42 anos, assumiu o time em 2019 e te sido decisivo no crescimento. A capa passo, ganha como prêmio do dono um desejo seu atendido. Primeiro, foram os campos de treinos na Universidade Santa María, onde Ferro foi professor. Depois, os vestiários e instalações no CT. Por último, a academia. Ex-jogador da seleção venezuelana, Morr era assistente de Rafael Dudamel no vice do Mundial Sub-20, em 2017. Tem fama na Venezuela de ser descobridor de talentos.