O Inter passa a contar com um psicólogo na sua comissão técnica. É um avanço e tanto. Os clubes da Série A se modernizaram e passaram a criar comissões técnicas multidisciplinares para cuidar das pernas dos jogadores. Mas ainda demoram em se dar conta de que precisam também cuidar da cabeça de quem vive sob pressão e premido pela busca de resultados.
Em 2018, produzi uma reportagem para o caderno DOC, de ZH, sobre a depressão no futebol. Na época, trouxe os relatos de ídolos afirmados como Pedrinho, Thiago Ribeiro, Alex e Nilmar, vitoriosos que haviam sido derrotados pela dor na alma. O mais impactante no relato deles é de que estavam perdidos em um mundo de sombras dentro do vestiário, e ninguém ao lado havia percebido.
É evidente que a chegada de um profissional para cuidar da mente dos jogadores trará solução a longo prazo. Esse é um trabalho que requer tempo. Começa pela conquista da confiança dos atletas, de um lugar cativo no vestiário e da naturalização de uma nova figura no dia a dia do time.
Não é qualquer um que entra no vestiário, o sagrado recinto dos jogadores. Nem dirigentes que sejam de fora do departamento de futebol pisam lá. Mais, são raríssimos os que conseguem acesso aos segredos dos atletas.
Mesmo que seja uma medida para efeitos a longo prazo, a porta aberta e o acesso a um divã podem ajudar muito o grupo neste momento. O Inter vive em constante ebulição, e isso reflete no campo. Quem sabe uma boa conversa e um ouvido para escutar a alma dos jogadores pode aliviar neste momento. Um psicólogo pode ser um bom analgésico nestes dias de desconfiança. Embora, se deva ter bem claro: trata-se de um tratamento de longuíssima duração, sem prazo para se receber alta.