Leston Júnior tem, aos 42 anos, um dos confrontos mais espinhosos de seus 12 anos de carreira. No dia 2 de março, ele tentará com o Campinense e sua folha de R$ 250 mil surpreender o Grêmio estrelado por Suárez e bancado por uma folha que gira, conforme especulações, em torno de R$ 15 milhões.
Leston assumiu o Campinense há um mês. Nesta noite, em casa, tenta a primeira vitória na Copa do Nordeste, contra o CRB. Mineiro, começou na base do Cruzeiro, onde teve Lucas Silva como capitão no sub-15, e passou pelo América-MG e pelo Bahia antes de assumir a Inter de Limeira, seu primeiro time principal, em 2010, com direito a acesso no Paulistão.
Tem ainda na carreira dois acessos nacionais (Tupi-MG, para a Série B, em 2015, e Floresta-CE, para a Série C, em 2020) e o título paraibano, com o Botafogo. São conquistas que o orgulham, assim como a ajuda na formação de nomes como o lateral Danilo, da Seleção, e os meias Dudu, do Palmeiras, e Talisca.
Por telefone, Leston atendeu a coluna. Confira.
Qual foi o impacto no ambiente interno do Campinense ao saber do confronto com o Grêmio e com Luis Suárez?
Nós, pela própria composição do potes, esperávamos uma equipe de alto nível de exigência. Quando sorteia o Grêmio no nosso caminho, entendemos que a exigência acaba sendo ainda maior, pelo poderio da equipe, pelo trabalho do Renato. Esperamos muitas dificuldades, trataremos de nos preparar bem.
Os jogadores, no vestiário, já colocam na pauta de conversas o confronto com Suárez?
Essa relação do Suárez, para o futebol brasileiro, sem dúvida, gerará impacto em todos os lugares em que ele atuará. Trata-se de um jogador de renome mundial , dispensa comentários. Sua capacidade acaba sendo um componente que aumenta a motivação. Querendo ou não, ele traz isso para o embate e, consequentemente, aumenta a repercussão.
Mas o nome dele já circula no dia a dia do Campinense?
Acaba que, nos corredores do clube, é normal esse comentário. Mas, pelo fato de estarmos em outras duas competições, procuramos dar uma isolada (no grupo), para que não perca o foco que é importante agora. O jogo contra o Grêmio ainda demorará alguns dias. Mas é inevitável o comentário, ele acontece em função da representatividade do Grêmio e do Suárez.
O que você já observou deste novo time do Grêmio?
Tinha visto o Grêmio jogar duas vezes neste ano. Mas, desde o sorteio, nosso departamento de análise está monitorando de perto, acompanhando para que tenhamos o máximo de detalhes e o mapeamento possível, para que aumentemos nossas chances.
É possível vencer o Grêmio no Amigão, mesmo com a distância financeira e estrutural dos dois clubes?
Esse é o grande charme da Copa do Brasil, principalmente nessas fases iniciais. Permite que um abismo tão grande de situação, orçamento e estrutura técnica possa ser colocado à prova em 90 minutos. Esperamos nos preparar bem. Em um confronto como esses só é possível vencer se fizer o jogo perfeito. Mesmo diante de disparidade tão grande de poderio, buscaremos feito histórico, a passagem pelo Grêmio.
Como está seu time neste momento?
Cheguei há algumas semanas (13 de janeiro). Estamos em fase de mudança no grupo, buscando uma transformação. A montagem foi feita em cima da comissão técnica anterior, e pensamos o futebol de forma diferente. Estamos trocando o pneu com o carro andando. Desde minha chegada, avançamos em vários aspectos. Vejo a equipe mais encorpada, com padrão melhor definido. Temos tempo até o confronto com o Grêmio, com jogos pelo Estadual e pela Copa do Nordeste, para chegarmos fortalecidos.
Como você pensa seus times?
Penso o futebol partindo do princípio de organização e com que é a exigência atual, de força, potência. O jogo não permite mais ser disputado com rotação baixa. Gosto dos meus times organizados, com muita rotação, força, transição. A montagem do grupo acabou sendo diferente disso, estamos tentando remodelar. Fizemos sete jogos em 20 dias. Não tivemos tempo (de treinar), mas já observo evolução nessa ideia, de um time muito competitivo.
O fator local é um aliado em um confronto de jogo único?
O gramado do Amigão é muito bom, um dos melhores do Nordeste. A atmosfera, sem dúvida alguma, temos de ser capazes de transformá-la a nosso favor. A partir do momento em que temos um enfrentamento dessa grandeza, com grande público, o passo adiante é que consigamos corresponder, representar bem essa atmosfera.
Você pensa em fazer marcação individual no Suárez ou em algum outro jogador do Grêmio?
Tenho como ideia a marcação por zona. Obviamente, em alguns momentos do jogo ou em determinado setor, pode ser que haja possibilidade de encaixe. Temos de pensar que se trata de um jogo só e do fato de ser contra o Grêmio. Temos de nos aprofundar mais, para tomarmos a melhor decisão. Mas repito, é jogo único, são 90 minutos, permite que se saia do que habitualmente se faz. Se aumenta a possibilidade de acontecer a vitória, faremos (marcação individual).