Grêmio e Cruzeiro corresponderam às expectativas. Fizeram um jogo cheio de energia, de alternâncias, de movimentos táticos dos técnicos. Pelo retrato da partida, o empate ficou de bom tamanho. Porque os dois times esgrimiram a tarde inteira, controlaram fracos equivalentes do confronto.
O Grêmio tentou marcar alto nos primeiros minutos. Mas esse Cruzeiro parece mecanizado e, quando ultrapassou essa barreira de marcação, foi superior. Por 25, 30 minutos. Fez 1 a 0, poderia ter feito mais um e impôs seu modelo, sempre com a bola rente ao gramado e movimentos treinados.
Depois da parada por mais um triste espetáculo no setor sem cadeiras, o Grêmio equilibrou as ações e chegou ao empate com Diego Souza, na bola parada. Voltou do intervalo melhor, fez o 2 a 1 na abertura do segundo tempo e controlou boa parte das ações nos primeiros 20 minutos. Chegou a encurralar o Cruzeiro no seu campo. Só que as trocas de Pablo Pezzolano funcionaram mais do que as de Roger. Os mineiros empataram, é verdade, numa falha de Brenno e Villasanti, mas naquele momento eles controlavam a partida e ocupavam o ataque.
O jogo mostrou ao torcedor a realidade desse Grêmio. Roger escalou Bitello como meia e teve êxito na sua escolha. Tanto que foi dele o segundo gol. Porém, ficaram claras as fragilidades do time. O lado direito é um ponto vulnerável. Lucas Leiva ainda está distante do seu melhor nível. A reação demorada no primeiro gol mostrou isso, embora ele tenha melhorado e até saído mais para o jogo até ser recuado por zagueiro. As reposições comprometem. Guilherme levará tempo para ser o jogador dos tempos de Sport. Thaciano entrou e jogou em um espaço morto. Janderson é dotado de muita disposição, mas pouco refinamento. Campaz, um ano depois, ainda não se justifica.
O Cruzeiro, ao contrário, mostrou um banco de reservas com nomes que acrescentam. É um time com ideia mais clara de jogo e, o principal, com as peças escolhidas a dedo pelo seu técnico. É a vantagem de quem começou o ano com um projeto sem trocá-lo no meio do caminho. Quem chegou foi para se encaixar em um modelo definido de jogo. Por isso, está 10 pontos à frente do vice e com um pé e meio na Série A.
Mais de 51 mil torcedores foram à Arena para ver seu Grêmio superar esse adversário. Como se fosse uma prova de fogo. Talvez por isso tenha se ouvido vaias ao final. Mas o empate ficou no tamanho, além de ter dado um raio X do que é o Grêmio versão 2022.