Uma vitória colocará o Inter na semifinal da Copa Sul-Americana e resgata o protagonismo que faltou na temporada 2021. A noite pode garantir US$ 800 mil a mais no bolso. Mas essa quantia, embora a situação financeira delicada, é troco perto do ganho institucional que virá a reboque. Há um peso escondido nesta decisão que escapa a um olhar rápido do torcedor.
Avançar na Copa Sul-Americana recupera musculatura no mercado, traz ganhos intangíveis para a marca e, mais ainda, evita que o ambiente eleitoral volte a efervescer e mande para o espaço a aparente calmaria alcançada pela retomada no campo.
Tudo isso está no pacote Melgar que se apresenta ao Inter. A Copa Sul-Americana é o título possível deste time reconstruído no primeiro semestre de 2022. O Brasileirão virou uma miragem em que se enxerga apenas a conquista de vaga na Libertadores. Nem mesmo o colorado mais ardoroso, naquela conversa consigo mesmo, sincera, acredita na hipótese de que se derretam os 12 pontos que hoje separam Palmeiras e Inter. Portanto, a taça possível é Sul-Americana cuja sobrevivência passa pelos 90 minutos no Beira-Rio.
Mano Menezes tem a dimensão disso. Tanto que valorizou o choque de realidade sofrido em Fortaleza. Criou-se no vestiário, após o empate no Peru, um otimismo exagerado de que tudo se resolveria naturalmente com a força do Beira-Rio e a diferença de tamanho e orçamento dos clubes. Ela existe, mas ela não entra no campo. Mano sabe disso. Sabe também que o Melgar virá para Porto Alegre em busca da sua história. Jogará por uma epopeia e empurrará ao Inter a obrigação de fazer valer seu currículo mais vasto.
Não será jogo tranquilo. Até porque partidas com esse tamanho são sempre carregadas de tensão. Porém, dependerá do Inter torná-la sem sobressaltos.
O Melgar deixará a bola e a responsabilidade com o adversário. Assim, caberá aos colorados executarem o plano estratégico de marcar no início e direcionar ao seu gosto os caminhos do jogo. Um gol redefinirá o roteiro dessa decisão. É o jogo do ano. E a bola estará com o Inter.
MELGAR FECHADO
O Melgar chegou a Porto Alegre na madrugada de quarta-feira e usou as estruturas do Grêmio para um último treino antes da decisão. Porém, a estratégia de Pablo Lavallén já veio definida. O time terá três mudanças em relação ao do jogo de ida.
Uma delas define bem o que será a postura do time no Beira-Rio. O técnico argentino trocou um meio-campista mais criativo, Pérez Guedes, por um volante, Jean Pierre Archimbaud. Ou seja, usará uma dupla de marcadores no meio, com Archimbaud e o argentino Horácio Orzan, por quem passa todo o jogo do Melgar.
As outras duas mudanças de Lavallén são por questões médicas. Na zaga, o argentino Leonel Galeano, ausente no jogo de ida, está de volta. Formado no Independiente e com passagem pelo Rayo Vallecano, ele rodou por Equador e Chile antes de chegar ao Melgar neste ano.
Na extrema direita, Bordacahar, outro dos cinco argentinos do time, ainda sente a lesão no tornozelo que o tirou do jogo de ida no intervalo. Iberico, que o substituiu, seguirá no time. Assim, Kenji Cabrera, 21 anos e uma das promessas peruanas, jogará aberto pela esquerda.
Pelos movimentos de Lavallén, a tendência é de um Melgar se defendendo em linha de cinco à frente dos quatros defensores, deixando apenas o centroavante Bernardo Cuesta mais avançado. Iberico e Cabrera serão os responsáveis pela transição rápida nos contra-ataques.
O time para atuar no Beira-Rio: Carlos Cáceda; Alejandro Ramos, Alec Deneumostier, Leonel Galeano e Paolo Reyna; Horacio Orzan, Alexis Arias e Jean Pierre Archimbaud; Kenji Cabrera, Bernardo Cuesta e Luis Iberico.