Será preciso um Kannemann e mais 10 jogadores com o mesmo temperamento e entrega dele. Só assim Roger Machado sairá do alçapão de São Januário ainda como técnico do Grêmio. Aliás, uma derrota não abala apenas o treinador.
Ela terá efeito de terremoto em toda a estrutura de futebol do Grêmio. Há grande pressão externa sobre os rumos do time nesta temporada, alimentada por um receio de que tudo o que foi montado até aqui pela direção seja insuficiente para fazer a travessia na Série B.
Roger, na verdade, é o menos culpado neste momento. Desembarcou na Arena com uma obra já em andamento e com a execução errada. Foi o arquiteto chamado às pressas para corrigir um projeto que iniciou enviesado e com algumas definições comprometedoras, cujo efeito chega neste momento.
Há, além do campo, um tabuleiro político intrincado que guia decisões e movimentos neste labirinto em que se meteu o Grêmio. Nunca podemos nos esquecer que o ambiente do clube está contaminado pelas eleições que começam em três meses.
Haverá em setembro a renovação de metade do Conselho Deliberativo e, em outubro, o primeiro turno da sucessão presidencial. Tudo isso mexe em casa definição que acontece no clube nestes dias.
A urgência, porém, é resgatar o time desse labirinto. Roger tenta, nesse cenário, encontrar time capaz de estabilizar rendimento e resgatar a confiança. Haverá três zagueiros, Thiago Santos no meio-campo e Benítez como armador.
São dois jogadores que estavam fora do contexto de Roger, mas que entrarão com a missão de dar sustentação e experiência, no caso do volante, e criação, no caso do argentino, aposta feita pela direção lá em janeiro como a bússola que abriria caminhos nesta volta à Série A.