A tendência é de que Roger coloque Biel no lugar de Ferreira. Mas, se optar em algum momento por Elias, estará promovendo seu reencontro com seu passado. O atacante é de Campinas e começou sua trajetória aos 15 anos, na base do clube paulista. Jogou lá duas temporadas.
Eram tempos bicudos, o Guarani atravessava uma crise profunda e não havia nem mesmo ajuda de custo. Em novembro de 2017, em um amistoso do sub-17 contra os guris do Grêmio, ele chamou a atenção. No começo do ano seguinte, desembarcou em Porto Alegre para ficar. Desde lá, acumulou gols. Foi goleador do Torneio de Santiago, em 2019, da Copa SP, em 2020, e duas vezes do Brasileirão de Aspirantes, em 2020 e 2021.
Mais do que rever seu time, Elias estará diante do clube que detém ainda um percentual dos seus direitos. O Guarani ainda manteve 7% do atacante quando o liberou para o Grêmio. O contrato de Elias foi renovado no final de 2020. Expirava em março de 2022 e foi prorrogado até o final de 2024.
A parceria entre Grêmio e Guarani se estende ainda a Eliseu, o irmão de Elias. Centroavante, o guri também leva o Manoel no nome e atua pelo sub-18. Chegou em 2021, para atuar no sub-17, repetindo a trajetória do irmão. No caso dele, o Guarani ainda conserva 50% dos direitos econômicos.
Para embalar
São 180 minutos sem gols, com um ponto e um calafrio na espinha da torcida. O começo vacilante na Série B preocupa o contexto gremista. Não pela posição incômoda, muito menos pelos resultados, mas pela perspectiva para qual apontam.
As duas primeiras rodadas mostraram ao Grêmio que a travessia de volta à elite será dura e exigirá transpiração e entendimento de um contexto estranho a um clube que, até a derrapada em 2021, estava nas cabeças da Série A. É essa a emergência maior do Grêmio. Menos de resultado e muito mais de compreensão do que precisará passar nesses próximos seis meses para retornar ao seu lugar.
O jogo desta tarde de feriado, contra o Guarani, precisa ter essa simbologia de começo da caminhada. Ponte e Chapecoense passaram. Cinco pontos se foram, mas é preciso que tenham ficado lições a serem aplicadas já nesta partida. A Série B cobra um preço alto de quem vacila.
Não há adversário badalado, mas também não há adversário fácil. Ninguém entrega nada de mão beijada. E todo mundo quer tirar uma lasca. Ainda mais contra o Grêmio, o primo rico da turma, o time que atrai os holofotes e pode servir de trampolim para uma mudança de vida. Essa é uma realidade a qual o Grêmio e seus jogadores precisarão se acostumar. Eles são os rivais a serem batidos. Será assim rodada atrás de rodada.
O cenário é esse e está posto. Resta ao Grêmio transformá-lo em um ambiente menos inóspito do que se apresentou nessas duas primeiras rodadas. Roger sabe disso. Tanto é que, mesmo com a indireta da direção, mantém a ideia de um tripé no meio-campo e abre mão de um meia mais clássico, no caso, Benítez.
Não bastasse toda a dificuldade de marcar gols, ele ainda perdeu Ferreira, o jogador do drible desconcertante, do lance individual. Gabriel Teixeira, rebatizado Biel aqui, é quem deve entrar, numa manutenção de característica.
Se perde Ferreira, o técnico ganha, por outro lado, as voltas de Nicolas e Diego Souza. Nicolas participou de oito dos 23 gols do time em 2022. Diego Souza fez cinco. A aposta é de que o time ganhe mais poder de construção e consiga colocar na rede as chances criadas. Se fizer isso, enfim, começa de fato sua caminhada de volta. A tarde convida para isso.