A sensação de quinta-feira veio do lado avesso. Mas o resultado foi o mesmo e, na prática, o Inter fez dois pontos em seis que eram centrais para que mudasse seu ponto de vista no Brasileirão.
Pode-se dizer que o domingo, e também a quinta-feira, serviram para que os colorados tivessem um choque de realidade. Um longo caminho foi cumprido até aqui. E para a frente. Mas há um bom tanto a ser percorrido. O Inter tem um teto e, me parece, bateu nele. Pode avançar algumas casas nesta reta final, mas não muitas além do que já conquistou nesta retomada.
É evidente que o torcedor se empolga e sonha sempre alto. Mas ele precisa, com os pés no chão, perceber que este Inter é um caminho, não o fim. Há muito a ser modelado e melhorado ainda. Este time tem uma forma de jogar reativa, e se sente bem assim, confortável. Não vá se esperar que ele vá propor e construir, fazer a bola rodar, envolver o adversário com um jogo costurado em que mantenha o controle e dite as ações. Não há jogadores para que se estabeleça uma ideia dessas.
Contra o Corinthians, o roteiro se repetiu. Uma arrancada de Mercado de trás, ao recuperar a bola, a inversão da bola, o passe de Dourado, o cruzamento de Patrick e o gol de Lindoso. A partir daí, o time passou a especular ainda mais, esperando o erro do Corinthians e o contra-ataque fulminante. O contra-ataque não veio, até porque o Corinthians não o ofertou.
Pior do que isso, Sylvinho fez uma mexida que desencaixou. Colocou Gustavo Mosquito aberto de um lado, Roger Guedes do outro e atarraxou Renato Augusto como nove. Giuliano e Gabriel Pereira passaram a vir de trás, como meia. Assim, triangulando, Giuliano fez 1 a 1 e, em seguida, Roger Guedes, como ponta-esquerda, sofreu o pênalti do 2 a 1.
Diante de um time atordoado com a virada, Aguirre saiu do sério. Terminou o jogo com Cuesta fazendo a de zagueiro e lateral. Boschilia foi volante e meia. Patrick virou jogador livre. E Gustavo Maia, que substituiu o lesionado Moisés, entrou aberto na esquerda. Foi dessa coragem dele que veio o 2 a 2. A torcida comemorou o empate, pelo gol nos acréscimos. O gol valeu o sexto lugar. É bom que o torcedor tenha consciência disso, está no tamanho deste Inter que, repito, está em fase de construção.