A relação entre Inter e Guerrero acabou em comunicado de três linhas divulgado no começo da tarde desta terça-feira (26). Foram três anos e um fim melancólico. É como se o peruano tivesse minguado. Até a lesão no joelho, sofrida em julho de 2020, no Maracanã, Guerrero tinha números do seu tamanho, 31 gols em 56 partidas.
Porém, a cirurgia para reconstrução do ligamento cruzado anterior, a volta em tempo recorde e a demora para recuperar o ritmo fizeram dele um espectro do centroavante que levou a seleção peruana à Copa do Mundo na Rússia e que havia retomado a carreira, depois do doping, com voracidade de juvenil. O resumo é que Guerrero perdeu para o seu corpo e, agora, corre contra o relógio para recuperar-se a tempo de levar o Peru ao Catar e, assim, jogar sua segunda Copa do Mundo.
Guerrero sai do Inter sem números globais que o favoreçam. Mas não será por isso que o peruano ficará guardado numa segunda prateleira. Faltou-lhe o título que esteve muito perto de conquistar. Faltou-lhe, mais ainda, ser protagonista nas horas cruciais, naquelas em que quem decide é o astro do time, o jogador buscado por uma fortuna proporcional ao seu currículo.
Faltou, muito mais ainda, Guerrero ser marcante em Gre-Nais. Ele ficará na história como coadjuvante de um jogo que tinha o seu tamanho. D'Alessandro, o gringo de alto quilate que o antecedeu, entendeu bem o que representava o clássico e construiu uma história vasta.
Quando se falar dos 120, dos 150, dos 200 anos do Gre-Nal, haverá um capítulo para o argentino. Guerrero não estará nesses registros. Porque ele foi muito menor do que seu tamanho no jogo que constrói heróis. Foram oito Gre-Nais, cinco derrotas e três empates. Nenhum gol.
É verdade que ele pegou um momento de predomínio do Grêmio. Mas é verdade também que, ao passar em branco, ele não cumpriu seu papel, que era justamente acabar com essa hegemonia azul.