O Inter entra em junho com uma conta difícil de ser fechada. Precisa afinar uma forma de jogar em um calendário que prevê, a partir do confronto com o Vitória, nove jogos em 27 dias. Com duas idas ao Nordeste nesse pacote. Ou seja, com uma partida a cada 72 horas, tempo para treinar será com o que Miguel Ángel Ramírez não poderá contar. Os ajustes terão de ser feitos no campo, com a bola rolando a valer. Não são poucos.
A estreia no Brasileirão, o 2 a 2 com o Sport, mostrou duas faces do Inter. O que é comum em uma equipe em processo de transformação. O primeiro tempo foi de alto nível, com o jogo de posição do espanhol aparecendo a pleno, tanto na fase ofensiva quanto na defensiva.
Houve controle, troca de passes, o jogador livre e momentos de aceleração, com Taison. É verdade que houve momentos de monotonia, com insistente e lenta troca de passes para o lado. Mas, no final das contas, o 2 a 0 do primeiro tempo saiu barato até para o Sport.
O Inter do segundo tempo, porém, pareceu outro time. Houve uma queda de rendimento abrupta e o empate. A informação vinda do vestiário contesta uma queda física no segundo tempo dos jogos. Os índices, segundo pessoas ligadas ao ambiente interno clube, se mantêm ou aumentam. Tanto em valores absolutos, como distância percorrida, quanto em valores de aceleração e aumento de intensidade.
O fato é que o Inter perde rendimento, e isso precisa ser corrigido com urgência. Talvez passe pelas dificuldades de absorção das ideias do técnico. O modelo que ele tenta aplicar requer uma série de conceitos novos aos jogadores e exige concentração o tempo todo, até porque demanda a participação coletiva em 100% do tempo.
Ramírez já começa a mostrar desconforto e até uma certa impaciência com as cobranças e os questionamentos. Porém, esse é o caminho mais espinhoso. As entrevistas são os raros momentos com os quais ele conta para explicar, a torcedores e críticos, o que vem aplicando e mudando. A comunicação, tanto interna quanto externa, virou sua maior ferramenta na busca por fazer do Inter o time com a sua cara. Até porque, em um curto prazo, tempo para transmitir isso nos treinos é artigo de luxo. E raro. Muito raro.