
Há um desafio e tanto entre o Grêmio e a fase de grupos da Libertadores. Há um bom tempo, o time de Renato tem esbarrado em problemas técnicos e encontrado dificuldades em impor seu jogo de toque. Talvez naquela série de vitórias, entre outubro e novembro a tente tenha visto um Grêmio que envolve o adversário e o empurra contra o seu próprio gol à base da troca de passes e do avanço em bloco de suas linhas. Foi o último suspiro, aliás, daquele modelo de futebol em que se construiu uma era de vitórias. Pode ser que a noite desta quarta-feira (14), na Arena, nos mostre que não foi o derradeiro.
O fato é que há poucos elementos para confiar nisso. As últimas vitórias do Grêmio tem sido com uma ideia de jogo mais estratégica do que propositiva. Lembram-se contra o São Paulo? O 1 a 0 aqui foi precedido de alguns sustos, mas suficiente para que se adotasse no Morumbi um plano que se baseava em anular o adversário e segurar o 0 a 0. Houve sucesso nisso, e a vaga na final da Copa do Brasil veio.
No Gre-Nal do returno do Brasileirão, viu-se algo parecido. O Grêmio foi mais marcador, suportou a pressão e saiu com mais voracidade ao ataque apenas na reta final do clássico. Estava dando acerto até a virada sofrida em sete minutos, naqueles roteiros que só o futebol proporciona. No último clássico, na Arena, o Grêmio também entrou mais para anular o rival do que acossá-lo. Deu certo.
O dilema para esta quarta-feira é que ser só estratégico é insuficiente. É preciso ganhar, fazer o 1 a 0, pelo menos. A partir daí, pode-se até acionar o controle de riscos e administrar, embora seja pouco recomendável contra um adversário desassombrado, que alimenta sua confiança jogando com a naturalidade de quem faz os mesmos movimentos há três anos.
O Del Valle está longe de ser infalível. Pelo contrário, tem problemas defensivos que ficaram evidenciados no jogo de ida. É por eles que o Grêmio precisa construir sua vitória. Mas, para isso, precisará resgatar um futebol que, convenhamos, faz tempo que não consegue apresentar.
Del Valle paraguaio
O Independiente del Valle fez do Bourbon, em Assunção, a sua casa. A delegação se hospedou no hotel, que está separado da sede da Conmebol por uma rua apenas, e usará até a manhã desta terça-feira, os campos contíguos à sede da entidade para seus treinos. Houve trabalhos no fim de semana e ontem. Os equatorianos decidiram que a passagem por Porto Alegre será a mais breve possível, por receio de contaminação com a cepa brasileira do coronavírus. Por isso, a delegação deixará a capital paraguaia no meio da tarde e tem previsão de chegada a Porto Alegre no começo da noite. Não haverá qualquer treino ou movimentação por aqui.
Se mantiver a ideia dos três jogos nesta Pré-Libertadores, o técnico português Renato Paiva manterá o esquema com três zagueiros e a formação da partida de ida, no Defensores del Chaco. A presença do zagueiro Segóvia permite, inclusive, que adote uma linha de quatro na defesa, sem a necessidade de uma substituição. Contra o Grêmio, para conter as investidas de Ferreira, ele escalou na ala direita Hurtado, que é ofensivo, mas menos agudo do que Sánchez, titular contra o Unión Espanõla, em Quito. Os equatorianos saudaram a vitória de virada sobre o Grêmio pelo poder de reação da equipe e pela capacidade física dos jogadores fora da altitude. Valorizou-se isso principalmente pelo fato de o Del Valle ter saído de Quito apenas no meio da tarde de quinta-feira para cumprir viagem de seis horas.