Antes de qualquer apontamento, é bom deixar claro aqui: não sou fiscal de comportamento. Nem tenho essa pretensão. Mas é preciso, sim, discutir o episódio envolvendo Rodrigo Dourado, Heitor e Nonato no fim de semana. Para quem não acompanhou, os três jogadores do Inter aproveitaram a folga na Costa Verde catarinense, um paraíso de praias quase exclusivas em Porto Belo, a meio caminho entre Itapema e Bombinhas.
Numa postagem feita no Instagram do irmão de Rodrigo, o trio, com suas esposas e namoradas e mais dois casais, posou para uma foto em um barco. Nada de ofensivo. Pelo contrário, um programa extremamente familiar, de casais amigos desfrutando juntos um fim de semana — e folga prolongada, no caso dos jogadores de grandes clubes, é algo muito raro.
A questão é o momento em que isso aconteceu. A pandemia, neste começo de abril, nos assusta e traz estatísticas funestas. Não é esse, no entanto, o momento para confraternizações e aglomerações. Mesmo que, como no caso de Porto Belo, as autoridades não vedem. A discussão que proponho aqui não é de legalidade, mas de consciência. Há um outro aspecto que esse fim de semana dos três jogadores do Inter traz à mesa de debate: fica claro que a tal bolha sanitária do futebol, da qual tanto se fala, não existe.
Por uma razão simples, os clubes não têm — e nem podem ter — o controle sobre as atitudes dos seus jogadores fora do ambiente do CT e do estádio. Há, é claro, um protocolo rígido estabelecido no dia a dia de treinos e nos jogos. Há também uma testagem em massa, que somente aqueles da linha de frente da batalha contra a covid-19 têm parecida. Para por aí.
Fora do expediente de trabalho, os jogadores são pessoas comuns, como eu e você. Até sexta-feira (9), Dourado, Heitor e Nonato estavam monitorados pelos médicos do clube e guiados pelo protocolo sanitário. O que já ficou longe de acontecer no sábado (10) e no domingo (11), quando o que os protegia era a orientação clube para que evitassem se expor. O que, aliás, devemos fazer todos nós.
A volta
O Colorado começa a semana depois de quase uma segunda pré-temporada. Foram 10 dias sem jogos. Um presente para Miguel Ángel Ramírez disseminar ainda mais suas ideias de futebol para o grupo e mecanizar alguns movimentos, que são novos e parecem ainda soar esquisitos para os jogadores.
Espera-se que, contra o Aimoré, já se perceba evolução e mais naturalidade do time. Porém, é bom o torcedor ter em mente que ainda não verá um time pronto e afiado, capaz de encarar todos que vierem pela frente. O caminho do Inter é longo, equivalente à profundidade da mudança que se propôs a fazer na forma de atuar e no conceito do seu jogo.