Pode-se dizer que esse São Paulo foi forjado nas quase quedas de Fernando Diniz. Aliás, a permanência do técnico no comando da equipe há quase 15 meses é algo que contraria a lógica recente no clube. Desde Muricy Ramalho, entre 2013 e 2015, um técnico não completava um ano no cargo no Morumbi. Com Raí no comando do futebol, desde 2018, outros quatro nomes ocuparam o cargo: Dorival Júnior, Diego Aguirre, André Jardine e Cuca.
Embora longevo, Diniz esteve longe de ser estável. Nesse período, esteve três vezes, pelo menos, na berlinda. A primeira foi no final o Brasileirão 2019. O 2 a 1 no Inter, pela penúltima rodada, teve uma atuação que o reafirmou para 2020 e afastou desconfianças. O São Paulo foi para a quarentena mostrando um futebol de alto nível. Mas, na retomada do Paulistão, caiu para o Mirassol nas quartas de final, no Morumbi. O Brasileirão começou com a sombra da demissão sobre Diniz.
Nas primeiras rodadas, ele mudou quase a defesa inteira: Juanfran, Arboleda e Bruno Alves cederam lugar para Ígor Vinícius, Diego Costa e Léo Pelé. No meio, colocou Gabriel Sara. O São Paulo reagiu, mas caiu na Libertadores, na fase de grupos. A essa altura, já tinha Luciano no ataque, a única contratação feita na temporada. Outra vez, Diniz balançou no cargo. Uma semana depois, ele foi para a partida contra o Atlético-GO em busca de uma vitória convincente e capaz de acalmar o ambiente. Bruno Alves já tinha recuperado o lugar na zaga, ao lado de Diego Costa.
Mas o São Paulo tomava gols havia 10 partidas. Foi quando Diniz escalou Luan na frente da área. Jogador com histórico de seleções de base, já tinha surgido no time principal com Diego Aguirre, em 2018. Mas perdeu espaço e, pelas características, não caía nas graças de Diniz. Até entrar contra os goianos e equilibrar o time.
Nessa mesma noite, Brenner, que já enfileirava gols saindo do banco, ganhou o lugar de Pablo, comprado em 2019 por 7 milhões de euros. Uma semana depois, o São Paulo esteve em Porto Alegre e ficou no 1 a 1 com o Inter, que teve Zé Gabriel expulso no começo do segundo tempo.
Mesmo que o empate tenha vindo com um a mais, esse jogo é apontado como um marco no São Paulo. A partir dele, o time encorpou. Tanto que chegou à liderança do Brasileirão e à semifinal da Copa do Brasil. Contrariou as previsões pouco otimistas, assim como Diniz contrariou a lógica recente no Morumbi.