A Era D'Alessandro no Inter e o atribulado 2020 acabarão juntos. Em um entrevista pontuada por alta carga de emoção, respostas sinceras e uma boa pitada de mágoa com os críticos, o ídolo dos colorados anunciou o fim de um história que entrará como um capítulo inteiro na história do clube. Em 31 de dezembro se encerrarão 13 anos, 12 temporadas e 12 títulos de um casamento feliz entre um time e seu ídolo.
D'Alessandro sai antes do final da temporada. Não topou a oferta de prorrogar por mais dois meses o vínculo e disputar o Brasileirão até o final. Também deixou claro que essa sua despedida do Beira-Rio está longe de significar a aposentadoria.
Ou seja, algo ficou pendente para que o terceiro jogador com mais partidas em 111 anos de Inter não protelasse por mais 58 dias seu vínculo. Mesmo que ele aposte na recuperação do time e na luta por um dos títulos ainda possíveis nesta temporada.
Trata-se de um momento histórico esse que testemunhamos nesta tarde de segunda-feira. O distanciamento no relógio nos permitirá, ali na frente, ter a real dimensão do que significou a passagem de D'Alessandro pelo Beira-Rio.
Embora já se tenha uma ideia. Afinal, hoje em dia, um atleta vestir por 12 temporadas a camisa de um clube é algo incomum até mesmo nos organizados e previsíveis clubes europeus.
O argentino garantiu que havia algumas semanas amadurecia a ideia de fechar em 31 de dezembro a sua passagem pelo Inter. Mas não deixou suficientemente claro o motivo para tal decisão. Talvez o ambiente político efervescente do clube o tenha ajudado a não seguir até fevereiro.
O fato de se sentir disposto e com energia para jogar também deve ter influenciado. Na entrevista coletiva, ele revelou uma conversa com Coudet em que mostrou o desejo de ter mais minutos. Garantiu que reivindicou sem desrespeitar a hierarquia e as escolhas do técnico. Com Abel Braga, imaginava-se que teria mais minutos.
Esteve como titular apenas contra o América-MG, em Belo Horizonte. Talvez isso se repita contra o Boca, nesta quarta-feira. Mas D'Alessandro vai por mais. Seu futuro ainda está incerto, mas ele pretende comemorar os 40 anos em campo.
A entrevista também mostrou um D'Alessandro ressentido com algumas críticas. Uma delas de 2009, que guardou até este dia quase de despedida. Outra, de um candidato a uma vaga no Conselho, que usou palavras desrespeitosas contra ele em uma postagem no Twitter que mais se enquadraria a conversa em mesa de bar.
O craque também fez uma crítica da crítica e analisou o atual ecossistema do jornalismo esportivo. Parecia querer zerar algumas contas que ficaram pendentes no caminho. Mas isso era desnecessário. O campo e seus números lhe renderam um saldo imensamente positivo. Que ele levará consigo a partir de 1º de janeiro de 2021, no primeiro dia dos últimos 12 anos em que acordará sem nenhum vínculo oficial com o Inter.