Em entrevista coletiva no início da tarde desta segunda-feira (23), D'Alessandro anunciou que deixará o Inter em 31 de dezembro. Aos 39 anos, o argentino fez pronunciamento, lendo uma carta, em que revelou que não irá estender seu contrato com o clube.
Com isso, ele sequer encerrará a temporada 2020, que vai até fevereiro de 2021, no Beira-Rio. O jogador garantiu que pretende seguir jogando futebol.
— Esta decisão já vinha sendo amadurecida há alguns meses. Não poderia esperar o fim do contrato para decidir, diferentemente de outros anos. Por isso, decidimos nos antecipar. O Inter vai seguir gigante e eu continuarei minha vida como atleta. Minha ideia é continuar jogando, não sei quanto tempo. Encerro minha história, mas não um ciclo — disse D'Ale.
Antes de começar a responder as perguntas dos jornalistas, D'Alessandro recebeu, das mãos do presidente Marcelo Medeiros, uma camisa que fazia referência aos títulos conquistados no Beira-Rio. Depois, ao longo de uma hora, respondeu questionamentos, explicou a decisão, criticou conselheiros e membros da imprensa.
Confira alguns trechos da entrevista:
Motivação para sair
Não tem nada a ver com eleições, treinador, grupo ou resultados. Tem a ver com o meu sentimento, minha cabeça. Também não foi por causa da pandemia, nem mudança de gestão. A gente nem sabe quem vai vir, nem teve eleição ainda. Se vocês quiserem, a gente passa os números também. Eu joguei 36 partidas. Uns minutos foram picotados e, em alguns jogos como titular, em outros menos. Mas com nenhuma lesão em 11 meses, sem faltar a um treinamento. Um treinamento que foi muito exigido pelo treinador anterior e isso faz com que eu pense que posso continuar. Ainda me sinto com a cabeça de atleta. Não posso pensar, de um dia para o outro, em ser diretor executivo. Temos de nos preparar. Isso aqui não é fácil. Imagino que diretor ou treinador poderia ser pior ainda.
Despedida no futuro
Depois de 12 anos, não me despedir deles (torcedores) dentro do Beira-Rio, é frustrante para mim. Gostaria que minha saída fosse de outra maneira, junto deles, mas é impossível. Hoje tem de ser dessa maneira. Eu não estou fechando as portas em definitivo. Gostaria de, no futuro, encerrar minha carreira e voltar, nem que seja para um jogo. Vai depender de quem estiver comandando o clube nos próximos anos.
Críticas de conselheiros
Nestes 12 anos, senti que nem todo mundo é colorado e quer o bem do clube. Gostaria de um clube mais unido, sem tanta falta de respeito. Eu recebi ontem (domingo), um Twitter de um conselheiro, que está querendo entrar (na eleição), está em uma chapa. O senhor Luciano Pontes. "Este gringo 171, idoso, que se arrasta em campo". Este é um dos conselheiros do clube. Ele pode não gostar do meu futebol, mas tem que respeitar minha pessoa. Nunca faltei com respeito com o clube ou com ele. O Twitter é o lugar dos covardes. É muito fácil falar nas redes sociais. O colorado de verdade ajuda, trabalha para melhorar o clube seja a gestão que for. Mas este cara não pode estar no mesmo local que eu. Não pode trabalhar comigo.
Agradecimento a Abel
Minha motivação é a mesma e estou pronto para jogar na quarta, para ajudar o que o professor Abel precisar. E quero agradecer a ele por ter vindo. Um dos treinadores mais vitoriosos da nossa história. Não precisava ter voltado. Todos sabemos o que aconteceu com ele. Então, estamos aqui para ajudá-lo e tomara que a gente consiga.
Críticas à imprensa
Posso estar tranquilo com a minha consciência, com tudo que fiz, sem sacanagem. Se meu colega se conforma com perder e empatar, comigo não vai se dar bem. E assim foram nos 12 anos que aprendi com muitos caras aqui: Bolívar, Índio, Alex, Clemer, Tinga, Nilmar, Magrão... São muito mais colorados do que os que estão lá fora e se dizem influenciadores digitais, se chamam formadores de opinião. Marcelo Bielsa diz que formadores de opinião são a escola, os professores. Por isso, o mundo está virado. Formador de opinião não pode ser um cara que vive do YouTube e nunca chutou uma bola. Ele pode opinar, mas tem que ter nível e, se alguém jogou mal, fazer uma crítica construtiva. Não pode chamar ninguém de burro. Ninguém que jogou 15 anos é burro, assim como ninguém que estudou jornalismo é burro. Posso não gostar do jornalismo que alguns fazem, mas não posso chamar de burro. Posso chamar de mau caráter, como alguns me chamaram.