O Grêmio se prepara para dar um salto na formação de talentos. Parece até contraditório dizer isso para um clube que, só de 2015 para cá, viu luzir em verde e amarelo Walace, Everton, Arthur, Luan e Matheus Henrique. E que entregou para a torcida valores como Pedro Rocha, Jean Pyerre, Pepê e Ferreirinha.
A perspectiva é de que essa lista aumente na velocidade de um Pepê a partir de 2021, quando o clube abrirá as portas das novas instalações do Centro de Formação e Treinamento Hélio Dourado, em Eldorado do Sul.
É um sonho antigo que se realizará nas primeiras semanas de janeiro. Para você ter uma ideia, a área de 29 hectares entre a Estrada do Conde e o Guaíba foi adquirida na gestão de Hélio Dourado nos anos 1970. Dourado, que justamente emprega seu nome ao CT era um visionário.
Percebeu que aquele terreno poderia representar ao Grêmio a garantia de um futuro alvissareiro. Foi o mesmo olhar, agora, de Romildo Bolzan Júnior, que sustentou a recuperação do clube tendo a formação de jogadores como pilar. A fórmula é simples: nutrir a base, lançar jogadores e vendê-los por milhões de euros. O complexo é colocá-la em prática.
Desde que assumiu, no final de 2014, Romildo tinha como uma obsessão construir uma estrutura capaz de abrigar os garotos e transformar o CT numa fábrica de talentos. Finalmente, seu plano virou concreto na forma de um prédio de dois pisos com 20 dormitórios, cozinha industrial e refeitório e de outro com centro médico, academia, vestiários, auditório e centro de convivência dotado de salas de jogos, biblioteca e espaço para estudos. Cada dormitório terá banheiro exclusivo e abrigará até seis atletas.
Foram 14 meses de trabalho. Faltam os acabamentos e a instalação do mobiliário, já comprado. O engenheiro civil Fernando Radin, gerente de patrimônio do clube, estima que a obra esteja entre 80% e 85% concluída. Na segunda-feira (2), Romildo comandou lá a reunião do Conselho de Administração, para que seus pares conferissem a obra. O presidente, é claro, mal cabe em si de entusiasmo.
— Esse é um legado dessa gestão, importantíssimo. Trato como o ato mais importante que tivemos à frente do clube. A perspectiva é de potencializar ainda mais a formação de atletas. Resolvemos fazer um centro de excelência, não só do ponto de vista estrutural, mas pedagógico. Quando o jogador está numa estrutura excepcional, ele se sente corresponsável e estimulado a crescer — observa Romildo
Infraestrutura
O Grêmio bancou toda a construção com recursos próprios. A estimativa é de que a obra consumirá pouco menos de R$ 2 milhões. O valor se explica pela funcionalidade dos dois prédios. Haverá ainda melhorias em estruturas existentes, como a da segurança e da administração. Todo o valor sairá do caixa do Grêmio. O equilíbrio financeiro do clube permitiu absorver esse gasto.
É claro que os oito campos, sendo sete de dimensões oficiais, já estavam prontos, o que significou um gasto a menos. Mas pode se colocar na conta da obra a iluminação do miniestádio para 2,5 mil pessoas que já havia o CT. Foi lá que o Grêmio jogou na retomada do Gauchão, depois da quarentena. São cinco torres e mais sete placas no pavilhão. Ao todo, são 392 lâmpadas de LED e a possibilidade de abrigar jogos noturnos da base.
Romildo não descarta nem mesmo que alguns jogos do Gauchão 2021, em acordo com a Arena e os detentores dos direitos de transmissão e a FGF, sejam disputados lá. Há luz para isso. Embora, o mais importante com o novo CT seja o quanto ele poderá deixar mais brilhante o futuro gremista com a formação de novos talentos. Aquela lista citada no início desse texto tem tudo para ficar ainda maior.