Juanma Figueredo é setorista do Cerro Porteño para a Rádio ABC Cardinal e para a ABC TV, dois dos principais veículos de Assunção. Conhece bem os bastidores do clube e percebe no ar quando há algo diferente no Nueva Olla, o estádio remodelado no bairro Obrero. Por telefone, Juanma relata que negociações com o Cerro são sempre duras. Assim, a vinda de Churín, mesmo iminente, não será por valores muito distantes dos US$ 2 milhões exigidos. Por lá, a informação é de que o Grêmio pagará US$ 1,8 milhão em três parcelas pelo argentino de 30 anos.
Churín está desde 2017 no clube paraguaio. Desembarcou desconhecido, vindo de dois anos no Unión Española, onde teve sucesso sob o comando de Martín Palermo, o histórico nove do Boca. No Paraguai, construiu o cartaz de goleador que tinha no Chile. Por isso virou ídolo no Cerro e tem sua saída muito dificultada pela direção, conforme relata Juanma. Confira:
Quem é Diego Churín?
Diego Churín chegou ao Cerro Porteño em 2017, para o segundo torneio do ano, como um jogador desconhecido. Era uma aposta do gerente esportivo do clube na época. Era um jogador do qual pouco se sabia aqui no Paraguai e veio como uma aposta. Começou como reserva e, na metade do campeonato, virou titular. Logo numa das primeiras partidas no time principal, fez três gols contra o Guaraní e ganhou de vez seu lugar.
Que características ele tem?
É um jogador forte, corpulento, com muita potência física, tem um bom arremate de média distância. Também tem um bom jogo aéreo é do tipo que disputa todas as bolas. Não é muito do lance plástico. Não, por exemplo, dar uma bicicleta, mas é oferece muita presença física, dá peso ofensivo ao time. Trata-se de um goleador nato. Dentro da área, se tiver a chance, converte. Aqui no Cerro, chegou a cobrar faltas de meia distância e marcou alguns gols assim. Seus chutes são diretos, com força. Não se espera uma conclusão colocada.
Hoje, pode-se dizer que é o principal jogador do Cerro?
Ele se converteu em uma referência do grupo, a base de gols e rendimento. A torcida tem um carinho enorme por ele. Marcou muito aqui. Primeiro, pelo sobrenome curioso, que remete à série mexicana que vocês, aí no Brasil, batizaram como Chaves.
Por que essa referência ao Chaves?
Tem um episódio em que o Chaves canta uma música que diz "Churín, churin, fun flais". A ligação foi direta. Afora, o sobrenome, ganhou referência no contexto do Cerro pela liderança. Era um dos jogadores que negociavam prêmios e cobravam atrasos eventuais de salário. A torcida o tem como um referente no grupo, inclusive, acima de Haedo Valdez.
Os movimentos de Churín são para acelerar essa troca de Assunção por Porto Alegre?
Evidentemente, pelo que significa o Grêmio no nível sul-americano, pelo que é o mercado brasileiro. Vai ganhar mais do que o dobro do que recebe aqui. Especula-se que seu salário no Cerro seja entre US$ 30 mil e US$ 40 mil mensais. Seu contrato vence em junho de 2021, ele estava em em negociação para renovar. No meio, chegou a oferta do Grêmio. Esse seria o motivo principal. Ele já não queria seguir no Cerro neste ano. Foi reserva em 2019, teve uma queda técnica. O argentino Larrivey o colocou no banco. Chique Arce chegou e o convenceu a ficar. Ele voltou a ser titular e foi goleador do Apertura 2020, vencido pelo Cerro, com sete gols.
O Cerro passa por problemas financeiros?
Não, não tem. O Cerro é administrado pela família Zapac, dona de uma grande fortuna, que atua na área de combustíveis. Houve, na pandemia, um desencontro entre dirigentes e o grupo pelas questão dos salários. E há a questão dos atrasos de das parcelas da compra de Churín ao Universidad Concepcíón, do Chile (US$ 600 mil). Isso causou uma sanção da Fifa, que proíbe o clube a fazer contratações até que quite essa dívida. Mas algo há nesse tema. Os dirigentes, sempre que perguntados, dizem que isso será pago no momento oportuno. Não são normais atrasos como esse no Cerro.
Você acredita que essa negociação com o Grêmio saia?
O Cerro tem antecedentes de não retroceder nos valores em que pede pelos jogadores. Por mais que já tenha ocorrido o acerto entre o outro clube e o jogador, como é o caso de Churín e o Grêmio. Se o Cerro não quiser vender, não sai o negócio. O momento de uma venda de Churín é este, mas os antecedentes indicam que não sai negócio se o Grêmio não chegar ao valor pedido ou muito perto disso.