Os uruguaios já enxergam nele o novo Cavani. Darwin Nuñez, 21 anos, acaba de desembarcar em Lisboa por 25 milhões de euros (cerca de R$ 158 milhões), no maior negócio já feito pelo Benfica. Centroavante, 1m88cm, ele se destacou pelo Almería, na La Liga II, a segunda divisão espanhola. Fez 16 gols em 30 jogos, mas foram insuficientes. Seu time perdeu a vaga no playoff contra o Girona.
O sucesso de Darwin no Almería bem poderia ter acontecido aqui no Rio Grande do Sul. Porque o atacante passou boa parte de sua vida ali do outro lado do Rio Quaraí. Foi lá em Artigas que o Peñarol o descobriu aos 14 anos, em um amistoso jogo da seleção local contra o Bella Unión, rival de uma cidade próxima.
Perdomo, ex-volante da seleção uruguaia, foi enviado pelo Peñarol para observar garotos em Artigas. Os 700 quilômetros de volta até a capital foram feitos com Darwin sob o braço. A velocidade do guri e a facilidade com que superava os adversários foram tamanhas que, ao final do jogo, ele foi direto conversar com os pais dele.
Darwin tinha 14 anos quando o Peñarol colocou os olhos nele. Na primeira tentativa de se estabelece em Montevidéu, fracassou. Sentiu saudade de casa, embora o futebol fosse a solução para a família vencer as dificuldades. Que não eram poucas.
A mãe catava garrafas de vidro e vendia, para completar o orçamento dependente do salário do pai, operário da construção civil. No ano seguinte, voltou. Para ficar. A presença do irmão mais velho, Júnior, nos juniores ajudou na adaptação. Meses depois, um problema familiar obrigou que um deles voltasse para casa e abortasse o projeto de ser dor. Júnior se sacrificou pelo irmão, em quem apostava que teria mais sucesso no futebol.
Não estava errado. Com 16 anos, Darwin estreou no time principal do Peñarol. Uma lesão séria no joelho o tirou de ação por um ano e meio. Só foi se afirmar mesmo em 2018, quando além de titular do time chegou à seleção sub-2.
Nessa época, um observador do Inter para os mercados do Prata sondou o atacante, mas seu valor já era de US$ 5 milhões. No ano passado, o Almería pagou 4,75 milhões de euros por ele.
Um ano depois, contabiliza um lucro de mais de 20 milhões de euros. Ou seja, fica a lição de olhar melhor o mercado vizinho. Nem tão vizinho. Artigas e Rivera, onde Ronald Araujo surgiu para o Barcelona, são um bocado gaúchas também.