A semana começa no Beira-Rio com uma reunião que pode ser decisiva para a relação entre o Inter e a Turner. À tarde, o vice-presidente Alexandre Chaves Barcellos se reunirá com executivos do conglomerado norte-americano para tratar do contrato relacionado aos direitos de transmissão do Brasileirão em TV fechada.
Os sinais emitidos pela Turner são de rompimento do acordo assinado em 2016 e que, no caso do Inter, vale para as edições 2019 e 2020 do campeonato. Em comunicado enviado aos oito clubes com o qual assinou, a empresa alega que cláusulas do contrato foram descumpridas.
A principal delas é de que cinco deles ultrapassaram a cota de seis jogos transmitidos em TV aberta para a praça em que eram realizados — Bahia e Ceará ficaram no limite.
Outra cláusula dizia respeito ao valor da mensalidade dos pacotes de pay-per-view, que não deveria ultrapassar R$ 60. Ambas decisões, no entanto, estavam fora do alcance dos clubes. Por isso, a percepção é de que a Turner estaria disposta a abortar seu projeto Brasileirão e estaria buscando motivações para isso.
As conversas individuais com os clubes fazem parte de um segundo momento nesse iminente divórcio. O primeiro foi a notificação e a resposta enviada por Inter, Palmeiras, Santos, Coritiba Athletico-PR, Ceará, Fortaleza e Bahia. A partir de agora, as tratativas são individualizadas, até porque cada um tem um acordo diferenciado.
O Palmeiras, por exemplo, foi o que ganhou mais luvas, R$ 16,6 milhões por cada um dos seis anos de contrato. Nesse caso, uma rescisão causaria menos estragos no Inter, que assinou por apenas dois anos. Em 2016, quando levou a proposta ao Conselho, o então presidente Vitório Piffero defendia seis anos de vinculo. Marcelo Medeiros, à época conselheiro, liderou uma frente que defendia apenas duas temporadas de contrato.
Mesmo que o acordo com a Turner seja até o final deste ano, a suspensão dos pagamentos impacta as contas do Inter, ainda mais nestes dias de quarentena e queda de receitas. O acordo pelos direitos de TV fechada fariam pingar na conta R$ 23 milhões da Turner, divididos em nove meses. Há ainda mais R$ 4 milhões de luvas.
Tudo isso pode escorrer entre os dedos a partir desta segunda-feira. Embora, haja uma ponta de esperança. O clube acredita que a AT&T levará em conta seu desejo de entrar no mercado brasileiro. A gigante norte-americana de telefonia gastou US$ 85,4 bilhões em 2016 na compra da Time Warner, da qual faz parte a Turner.