O Aimoré é um dos 140 clubes pequenos do futebol brasileiro que assinaram uma carta aberta à CBF, pedindo participação mais efetiva no auxílio os efeitos financeiros provocados pela pandemia de coronavírus. O documento pedirá à entidade um auxilio de R$ 75 mil mensais aos times por três meses, para evitar que a paralisação provoque a quebradeira geral dos pequenos.
Também reivindicam isenção de taxas cobradas pela CBF, como os R$ 220 para registrar a renovação de contrato. Pode parecer pouco, mas imagine um time que precise, quando forem retomadas as atividades, tenha de ampliar vínculo de 30 atletas. Aliás, essa é outra questão. O presidente do Aimoré, Ronaldo Vieira, começou a tratar da renovação dos contratos. E se não for? Bom, esse foi um dos temas abordados com ele nesta conversa com a coluna.
Como clubes pequenos de todo o Brasil inteiro conseguiram criar essa unidade?
Me agreguei quando o movimento já estava em curso. Havia um bom número de participantes. O Aimoré, é bom dizer, não foi protagonista, nem do documento lançado, nem da teleconferência. Quem foi apontado como líder na região Sul foi o presidente do Caxias, Paulo César os Santos. Achamos o movimento justo, para que a CBF enxergue além dos clubes das Séries A e B. Cada região do país terá um presidente que assinará a carta destinada à entidade. Foi um documento que ganhou muito volume. O movimento começou no Norte e Nordeste, onde os clubes vivem situação muito difícil pela paralisação, tendo de manter a folha sem jogos. Ele começou lá em cima e foi se espalhando por todo o Brasil.
Mas como funciona um grupo que tem 140 clubes?
O documento final esta quase pronto. Fiquei duas horas sem mexer no celular e, quando vi, tinha 135 mensagens nesse grupo. Todos falam do mesmo assunto, de buscar recursos para pagar aluguel de atletas, alimentação, salário, de ter recursos para renovações. Os clubes resolveram apelar para a entidade maior, que é a CBF.
Quem mais participa aqui do Rio Grande do Sul?
São Luiz e Caxias, embora estejam na Série D, e o Igrejinha, mesmo estando na Divisão do Acesso, assinam junto o documento. Que fique claro, esse é um movimento que busca abrir cabal de diálogo para os menores. Os clubes da Séries A e B têm capacidade de abrir um canal juntos e serem escutados com mais rapidez e potência.
A fase classificatória do Gauchão terminaria hoje, o que para muitos jogadores também seria o final dos contratos. Como o Aimoré está procedendo?
Estamos chamando os jogadores para conversar, vendo possibilidade de renovação. Mas navegamos na incerteza, sem saber se o Estadual continuará. Do ponto de vista do equilíbrio econômico e financeiro, já é difícil renovar sem ter receita extra. Agora tem essa situação ainda pior. E se renovarmos, gerarmos despesas e o campeonato não for retomado? Será o pior dos mundos. Mas não posso esperar sem um time pronto. Faltam três jogos para o final da fase classificatória. Numa semana, se finaliza.
O clube vai fazer como para bancar esse período extra de contrato?
Já existe discussão para fazer ajustes na decisão do Gauchão, de realizar um sorteio para definir mando e jogo único na final. Estamos renovando esses contratos porque não sabemos o que será decidido na reunião de 20 de abril. Nesse encontro, acredito, será definido se o campeonato termina aqui ou se será retomado. Não posso esperar o dia 20 para ir atrás dos jogadores. A CBF sinaliza, li isso em algumas entrevistas, que os Estaduais serão finalizados. Se isso não se confirmar, os prejuízos de Aimoré, Novo Hamburgo, Esportivo e muitos outros serão maiores ainda.
Os clubes enxergam outra saída além dessa ajuda da CBF?
Temos lançado ideias no nosso grupo de conversa. Eu apresentei uma em que o Banrisul virasse o grande parceiro do futebol gaúcho. Os clubes que estão numa das quatro séries do Brasileirão recebem receitas escalonadas, sugeri que houvesse uma extensão aos times sem série, com o banco patrocinando as camisas em troca de cota de R$ 100 mil. Nos ajudaria muito. Também poderia ser aberta uma linha de crédito, com o pagamento do financiamento, a juros baixos, sendo quitado com a cota de TV Campeonato Gaúcho de 2021. São duas sugestões, estamos buscando saídas.