Beto Campos fez história no Gauchão ao conquistar o título de 2017 com o Novo Hamburgo. A trajetória ascendente como técnico, no entanto, acabou interrompida de forma abrupta pouco mais de um ano depois. Aos 54 anos, Beto sofreu um infarto enquanto dormia e faleceu em casa, em Santa Cruz do Sul. Desde a semana passada, no entanto, a família Campos tem um novo representante nas casamatas do futebol gaúcho. William, 31 anos, acaba de assumir o São Borja, clube no qual o pai começou como jogador. Por telefone, a coluna conversou com o, agora, treinador.
O que representa para você seguir a carreira do pai, um ano depois de perdê-lo?
Somos naturais aqui de São Borja. Estar começando essa carreira na cidade natal e onde ele começou como jogador é muito importante para mim. Estava no Santa Cruz-RS, como auxiliar. A competição terminou, e veio esse convite. Estava em casa, fazendo cursos, me preparando, acompanhando jogos. Faz duas rodadas que cheguei. Ganhamos na estreia, do Santo Ângelo, fora, e empatamos com eles em casa, no fim de semana.
Você está com 31 anos. Planejava virar técnico assim tão jovem?
Não imaginava, confesso. Mas eu já vinha trabalhando com o pai desde 2017, estive com ele no Náutico, no Criciúma e no Novo Hamburgo, que foi o último trabalho dele (no Gauchão 2018). Veio esse convite, e está sendo de uma felicidade imensa. O pessoal me recebeu muito bem. Quase todos os parentes moram aqui. Minha irmã, minha vó, os irmãos do pai.
A responsabilidade cresce. Tudo o que aprendi com ele, ao longo dos anos de convivência, tento levar no dia a dia. Como a forma de comandar, de gerir o grupo. Meu pai tinha muito isso"
WILLIAM CAMPOS
Técnico do São Borja e filho de Beto Campos
Como é para você dar seguimento ao legado deixado pelo seu pai no futebol gaúcho?
Tem isso, sim. Impossível não ligar um nome ao outro. A responsabilidade cresce. Tudo o que aprendi com ele, ao longo dos anos de convivência, tento levar no dia a dia. Como a forma de comandar, de gerir o grupo. Meu pai tinha muito isso. Os trabalhos (de campo) que aprendi com ele tenho feito aqui no São Borja. Sem contar o quadro que uso para dar os treinos, que era o dele. Também fiquei com uma anotações de trabalho dele, uma agenda em que ele fazia tipo um diário. Além de alguns troféus que ele ganhou e guardei. A história segue e vou tentar, do meu jeito, alcançar o sucesso dele.
Além do quadro, o que mais ficou de herança do Beto Campos para o técnico William?
Gosto de ficar com a bola, que meus times tenham a posse dela. Sou adepto do jogo apoiado no passe, como eram os times dele (Beto). Claro que, quando chega a um time, tem de se adequar às características dos jogadores.