"Estamos quase no meio do século 21 e casos de racismo seguem acontecendo. Isso é nojento!". As ofensas raciais sofridas pelo goleiro Carlos Miguel, do Inter, no domingo (25), em jogo da Copa Seu Verardi, serão denunciadas ainda nesta semana pela procuradoria do TJD-RS. Nesta segunda-feira (26), a coluna conversou com o advogado Renan Eduardo Cardoso, que é um dos procuradores do TJD.
Segundo Cardoso, a súmula da vitória do Novo Hamburgo por 1 a 0 na Morada dos Quero-Queros já bastaria para oferecer a denúncia. Ali, o árbitro Marco Aurélio Nunes Magalhaes já havia registrado os gritos de "negro macaco" vindos de torcedores do Novo Hamburgo. Porém, o procurador ainda buscava imagens e depoimentos para encorpar a denúncia.
Qual será a postura da procuradoria do TJD?
Será oferecida (denúncia). Hoje (segunda-feira), chegou a súmula digital. Já demos uma analisada, eu e o procurador Luiz Francisco Lopes. O próximo passo é reunir o maior número de provas possíveis. Pedi imagens da partida, preferencialmente com áudio. O alerta (dos gritos racistas) veio do assistente (Rodrigo Silveira de Vargas). A palavra dele na súmula já vale. Mas vou entrar em contato com ele e assistir ao vídeo do jogo para saber o número de pessoas que cometeram esse ato.
Como funciona o procedimento no tribunal?
Agora é questão de análises de provas. A procuradoria faz uma análise prévia e oferece denúncia. Nesta semana não entrará na pauta, já teve o edital da terceira comissão, que julgará na quinta-feira. O edital tem de sair com três dias de antecedência.
Sua ideia é oferecer denúncia ainda nesta semana?
Assim que tiver disponível (o material). Já solicite à FGF as imagens, fiz solicitação junto ao Inter pare ver o que se consegue mais (de material). O que tenho são a súmula e matérias publicadas em sites. Vou entrar em contato com o trio de arbitragem e fazer o levantamento de quantas pessoas gritaram, para oferecer a denúncia da forma mais fidedigna. Como determina artigo 243g, do CBJD, se um considerável número de torcedores cometeu o ato, a punição ao clube é a perda de três pontos. Foi o que aconteceu no Caso Aranha. (caso seja um torcedor apenas, a pena prevista é de multa de R$ 100 a R$ 100 mil).
Isso tem sido recorrente em jogos de menor expressão, como era este de domingo?Infelizmente, está acontecendo. Estamos quase no meio do século 20, e atos de racismo seguem acontecendo, é nojento. Teve um caso no Estadual Juvenil, na partida Panambi x Uruguaiana, que vai a julgamento nesta semana. Há dois anos, teve outro de jogador xingado em Novo Hamburgo, no Estádio do Vale. No TJD, houve a condenação, mas acabou absolvido no Pleno.