Em Santiago, Escalona, um dos personagens da Batalha dos Aflitos, torce duplamente pelo Grêmio. Por causa da empatia criada com o clube, da filha, nascida em Porto Alegre e azul até a medula, e do seu time do coração. O ex-lateral-esquerdo é um torcedor do Colo-Colo, o que significa torcer sempre contra a Universidad Católica na rivalidade ao pé dos Andes. Aos 39 anos e longe do futebol desde que se aposentou no Curicó, em 2012, Escalona virou fiel espectador dos jogos do Campeonato Chileno e daqueles do Grêmio que chegam pela TV. Conhecedor do ambiente local, ele detecta nos torcedores da Católica um misto de prudência e medo por enfrentar um dos grandes do continente. A coluna conversou com o ex-jogador.
Que adversário o Grêmio encontrará em Santiago?
A Católica passa por ótimo momento no âmbito local. Na Libertadores, começou perdendo, mas aquele jogo contra o Libertad foi de mentira, o placar não diz tudo. É uma equipe que vem jogando bem, tanto que depois venceu o Rosario. Contra o Grêmio, será complicado, os clubes brasileiros são difíceis para os chilenos. A Católica não está muito confiante de que ganhará. Não se vê no ambiente aquela confiança percebida contra o Rosario. Dizia-se que venceria esse jogo, e venceu. Os grandes clubes do Brasil são muito respeitados aqui no Chile.
A Católica é a grande força hoje no Chile?
O maior clube é o Colo-Colo, depois vêm a Universidad de Chile e a Católica. Sempre será assim. Agora, no aspecto gerencial, a Católica está muito bem organizada, e a equipe passa por um bom momento. É a última campeã nacional. Aqui, é raro o título escapar de um dos três grandes clubes da Capital. Neste momento, é a Católica que vem vencendo. Ganhou do Colo-Colo, no estádio dele, e isso marcou uma pequena diferença.
Acredita que Gustavo Quinteros colocará o time à frente?
Como costuma ser com o Quinteros, a Católica sairá para atacar. Pelo que está jogando, por estar em casa e pela chance de mandar o Grêmio para baixo na tabela, aposto em um time agressivo.
Quem são os jogadores com os quais o Grêmio ter cuidado?
No meio, o jogador chave é o Aued, um volante de boa técnica. O Fuenzalida, capitão, experiente, passa por bom momento, tem feitos gols. O Puch, no mano a mano, desequilibra. O Saez, centroavante, não vinha fazendo gol, mas marcou dois no clássico com o Colo-Colo e fez também sobre o Palestino, na Supercopa. Como disse, a ideia da Católica é matar o Grêmio, fazer com que se engalfinhe com os outros do grupo.
Por onde pode passar uma vitória do Grêmio?
O Grêmio tem bom pé, nomes que podem pegar a bola e começar a jogar. Isso incomoda a Católica. Quando o Colo-Colo pegou a bola e começou a jogar, ela se sentiu muito incomodada. Não sei se o Grêmio irá impor seu jogo no começo, pela pressão. Mas, se conseguir, vai fazer estragos. Os laterais da Católica avançam muito. Em saídas rápidas, o Grêmio pode causar danos.
Para encerrar, a Batalha dos Aflitos segue muito vida ainda na sua memória?
Que recordação! Foi inacreditável, como disse o narrador (Pedro Ernesto Denardin, na Rádio Gaúcha). Quando falo para os meus amigos, e é inacreditável mesmo, alguns duvidam. Mas mando ir no YouTube, que está tudo lá. O pessoal duvida porque, com sete jogadores e dois pênaltis contra... Tenho o DVD, às vezes o vejo, também busco jogadas daquele ano todo. Sou torcedor do Grêmio até hoje, minha filha, Maria Isadora, de 11 anos, mora aí em Porto Alegre. Quero conhecer a Arena quando for aí. Ó, quero muito que ganhe o Grêmio, a Católica é o rival do Colo-Colo aqui (risos).