Diego Gavilán mantém o mesmo estilo dos tempos de jogador. Fala somente o necessário e em tom sério. Na beira do campo, também conserva o estilo dos tempos de volante: é inquieto na beira do gramado, cobra o tempo inteiro e gesticula. Aos 39 anos, o paraguaio precisa vencer o time alternativo do Grêmio, na noite desta quarta-feira (20), para ir além do plano inicial do Pelotas, que era se manter na elite do Gauchão. Por telefone, ele conversou com a coluna. Confira.
Qual a avaliação deste seu primeiro Gauchão como técnico?
Legal. Sensação é boa. Trata-se de torneio curto, não há margem de erro, né? São 11 rodadas para entrar entre os oito. Chegamos aqui em um momento no qual o objetivo principal do clube era se manter na Série A, depois de quatro anos na Segunda Divisão. Conseguimos isso e agora vamos por mais, pela classificação à fase final.
Como será o comportamento do seu time nesta decisão contra o Grêmio?
Na verdade, mantivemos uma postura ao longo do torneio. Começamos com uma forma de jogar, mas depois, não se se achei o esquema ideal ou se os jogadores encaixaram melhor, a equipe se sentiu bem. Mostrou mais segurança. Isso fez com que fôssemos parelhos ao longo da competição. Embora ache que os resultados fora de casa, tirando o jogo contra o Inter (2 a 1), é algo a ser melhorado .
Você, embora tenha jogado aqui no Estado, estava no Paraguai. Trouxe dois jogadores de lá. Mas como foi para buscar os demais?
Na montagem, primeiro fizemos uma avaliação daqueles jogadores que estavam no clube. Isso foi até dezembro. Depois, passamos a buscar atletas dentro da qualidade que queríamos e das possibilidades financeiras. Criamos um bom grupo no aspecto humano. Encontramos muitas dificuldade para contratar em função da curta duração do torneio, apenas quatro meses. Alguns jogadores optavam por outros clubes justamente pelo calendário de ano inteiro. Os paraguaios foram indicações minhas. Aliás, todos os nomes passaram por mim e pelo Sangaletti, que é o diretor técnico.
Você faz o estilo Muricy Ramalho na beira do campo, é muito agitado.
Quando a equipe precisa, acho que é isso (que deve ser feito). Já trabalhei com um grupo mais experiente e, sinceramente, sou de outro forma. Não é aquele que viram em alguns jogos. Quando o atleta precisa, quando a dificuldade é maior, tento passar isso (vibração) para ele. Não temos margem de erro, precisamos jogar no limite. É a única forma de caminhar para a frente na situação em que nos encontramos hoje.
Como foi vivenciar o Bra-Pel?
Foi normal. A experiência que tivemos em toda a carreira nos ajuda a vivenciar um clássico como foi o daqui. Minha torcida foi demonstrando ao longo do torneio que era assim (entusiasmada). Conhecia a empolgação da cidade com o jogo. O Bra-Pel, desde que chegamos, era assunto aqui. A vantagem que tinha era de conhecer o que significava o clássico. O ambiente foi excelente, gosto desse tipo de atmosfera. Ficamos chateados porque ninguém quer perder um clássico dessa forma, com erros individuais ou situações que poderíamos ter resolvido melhor. Clássico é feito de detalhes, e erramos neles.
O Grêmio usará time reserva, nem o técnico estará em Pelotas. Isso é um trunfo?
Respeito todos no Grêmio. Se estão lá é porque são bons. O Grêmio tem variedade de jogadores bem diferente daquilo que é comum aos times do Interior. Seria grande mentira falar outra coisa. Se são reservas ou não, só o Renato sabe. São bons jogadores e serão respeitados, como foram todos que vieram aqui. Temos de fazer o nosso papel.
O Pelotas abriu espaço para você no mercado do Brasil como técnico. A ideia é seguir por aqui?
O meu vínculo é até o final do Gauchão. Estou muito tranquilo e feliz aqui. Sempre me senti à vontade no meu trabalho. Aqui no Sul sempre fui feliz e fiquei à vontade. Temos de esperar o final do torneio. Depois, veremos o que a vida nos prepara. Pode acontecer muita coisa, como também posso descansar por um período (risos). Estou bem no Pelotas, me trataram muito bem, tive boa relação com todos. Temos de escutar o que eles pensam em relação ao futuro. Há uma diretoria que quer construir algo no clube. Não descarto seguir, por mais que seja a Copinha. Quero escutar mais sobre o projeto. Eles (diretoria) já demonstraram um certo interesse também. Quero continuar crescendo, aprendendo. E tenho aprendido muito neste ano. A minha carreira de técnico está só começando.