Como não havia lugar ao sol no Grêmio, Lucas Poletto foi buscar lugar na Grécia, em um time cujo nome faz referência a Apolo, Deus do sol, do amor e a representação do sexo masculino. É na Segunda Divisão grega que o atacante trilha seu caminho.
Com três gols e nove assistências, chama a atenção e já começa a vislumbrar um futuro fora de Larissa, uma das cidades mais geladas do país e cuja conexão com as praias gregas se restringe a fotografias.
Por telefone, Lucas, que é filho do ex-lateral-direito Paulo Roberto, conversou com a coluna.
Como está a vida na Grécia?
Está boa. Apesar do inverno rigoroso. Joguei aqui com temperaturas de 0ºC e até -2ºC negativos. Larissa, onde moro, fica entre Salônica e Atenas. Teve jogo que precisou ser cancelado pela neve. Para mim, está sendo um ano de crescimento. Sinto isso todos os dias. Lidar com outras pessoas, um cultura diferente, isso é desafiador. Os gregos tem um modo de lidar diferente. Não são como os brasileiros, que recebem de braços abertos. Tive de ir fazendo amizades, lidando com novas situações, como morar sozinho. Preciso fazer aqui algumas coisas que em casa não precisava.
Ou seja, aquela ideia de praias e ilhas gregas, só mesmo em fotografia?
(Risos). Tem praia, mas fica a meia hora daqui (no Mar Egeu). É uma cidade considerada uma das mais frias da Grécia. É mais interiorana, a população não é muito grande. Tem um astral ótimo, você vai nos cafés, e o pessoal te reconhece, já sabe do que gosta. É bem legal.
Como está sendo a experiência de morar fora, de ficar longe de casa?
Tive uma passagem rápida no Milan. Foram seis meses, não tinha ainda a dupla cidadania. Agora, morar tanto tempo assim, direto, é a primeira vez. Está sendo uma experiência boa, Minha noiva e minha família vêm pra cá com frequência. Facilitou a adaptação por causa dos brasileiros. Até o começo de fevereiro, o técnico era brasileiro, o Marcelo Troisi, paulista de Santos e que está na Grécia há algum tempo. Há no grupo mais três brasileiros.
Quem são os outros brasileiros?
Por coincidência, todos os outros são Lucas. Os gregos até brincam, perguntam se só nasce Lucas no Brasil. É Lucas Ramos, volante, paulista, o Lucão, centroavante, mineiro, e o Lukas Brambilla, meia, que é de Caxias do Sul. Como o Troisi estava aqui havia muito tempo, ajudava na comunicação. O grego é difícil. Entendo algumas palavras. Para me comunicar, uso o inglês.
Você tem sido um dos destaques do time. O futuro segue no Apollon Larissa?
Meu contrato vai até maio. Há possibilidade de renovação e já chamaram para conversar. Porém, há interesse de outros times, da Série A . Meu pai esteve aqui na metade de janeiro. Ele e meu irmão que cuidam disso vieram aqui conversar com o clube.
O clube oferece uma boa estrutura?
Sim, muito boa. Deu todo o suporte. Quando cheguei, por exemplo, deixou dois ou três apartamentos para eu escolher. Moro hoje em um de dois dormitórios, com todo o conforto. O Larissa é um dos poucos que dão prêmio a cada vitória. O salário não atrasa.
A Grécia passou por colapso financeiro e tenta se reestruturar. Isso repercute no futebol?
Havia muitos clubes atrasando salários. Mas há uma regra aqui que, o clube que não atrasar três meses os salários, se o jogador entrar na Justiça, a equipe perdeu perde pontos no campeonato.
Qual a situação na Segunda Divisão grega? Será possível subir?
Estamos em segundo, oito pontos atrás do líder. Não havia aposta de que chegássemos tão longe. Como não conheciam muito os brasileiros do grupo, está sendo surpresa até mesmo para os adversários. Ninguém acreditava. A aposta era em clubes que foram rebaixados na última temporada. O Larissa impressiona bastante. Saiu até reportagem aqui com enfoque nos brasileiros do time.
Como é o futebol na Segundona da Grécia?
É de bastante força, muito físico. Mas há alguns jogadores que se destacam pela técnica. Mas é um tipo de jogo de muito de marcação, bem competitivo, bem mais forte do que no Brasil. Graças a Deus, consegui me adaptar rápido, achar espaços no campo. Tenho três gols e nove assistências. Ou seja, tive participação em 12 dos 40 gols do time. Fui titular nos 16 primeiros jogos do campeonato e em três das rodadas seguintes (foram seis rodadas).
Como você está atuando? É nove?
Estou jogando na ponta direita e na ponta esquerda, como extrema da linha de três.
Fica uma ponta de frustração pela falta de continuidade no Grêmio?
O Renato sempre falou comigo. O desejo dele era de que ficasse. Quando estive para renovar, ele disse que recomendaria a permanência. Foi mais uma decisão da diretoria. Mas não fico pensando muito nesses temas. Se saí, é porque era a hora mesmo. O tempo em que estive ali, dei o meu melhor. Quando entrei, dei resposta boa. Lógico que tenho carinho grande pela torcida, pelo pessoal do Grêmio. Sou muito grato ao clube.