Jajá Coelho vive dias de idolatria na Tailândia. O ex-meia de passagem curta e marcante pelo Inter entre fevereiro e maio de 2012, é um dos destaques da Thai League pelo Muangthong United. No ano passado, foi o principal nome do Buriram. Fez 34 gols em 34 jogos e fechou 2017 como o maior goleador brasileiro na temporada. Tanto que o rival, Muangthong, o contratou como grande reforço para recuperar a hegemonia local.
Por telefone, desde Bangcoc, Jajá conversou com a coluna e recordou sua saída atribulada do Inter. Para quem não se lembra, depois de perder para o Fluminense por 2 a 1 e cair nas oitavas da Libertadores, o meia e o atacante Jô deixaram o vestiário e só apareceram no hotel no dia seguinte, para embarcar no ônibus que levaria a delegação ao aeroporto.
Jajá, no entanto garante que a direção estava ciente de tudo e que era uma prática, em viagens, os atletas negociarem depois do jogo uma liberação até a hora marcada para a reapresentação no hotel. No caso de Jô, havia um compromisso inadiável no dia seguinte ao jogo: o centroavante precisava fazer coleta para um exame de DNA, devido à solicitação para comprovação de suposta paternidade.
— O time perdeu, mas não se podia colocar a culpa nos feras do time. Porém, tinha de colocar em alguém que também era forte. O Jô tinha comunicado na véspera de que precisava fazer o exame. E eu tinha falado com os caras antes de viajar. Era folga, normal, podia negociar sair e voltar ao hotel na hora de pegar o ônibus até o aeroporo. Trocamos de roupa na frente de todo mundo, tiramos o uniforme do Inter e colocamos roupas sociais. Ninguém falou nada na hora – defende-se Jajá.
O meia conta que só soube da confusão quando passava das 4h, 5h da madrugada. Estava na casa e um amigo no Rio quando um jogador do grupo mandou mensagem avisando que a direção estava procurando os dois. Jajá garante que ninguém alertou-os da exigência de seguir com a delegação do Maracanã para o hotel. A única recomendação ouvida era de que, ao deixar o vestiário, ninguém deveria conceder entrevistas.
A atribulada passagem por Porto Alegre, segundo o meia, foi motivada pela falta de adptação aos costumes dos clubes brasileiros. Na Europa, aonde chegou com 17 anos, era comum os jogadores saírem para bares e restaurantes depois dos jogos. O Inter foi o primeiro depois de seis anos rodando por Espanha Bélgica, Ucrânia, e Turquia, além de seis meses nos Emirados Árabes.
— Comecei focado. Só que estava acostumado com o sistema europeu, de sair para comemorar com o time em algum lugar. No Brasil, isso não é normal. Só quando está ganhando, aí ninguém frala nada. Se o time tropeçar, começam os problemas. No nosso caso, vieram as polêmicas. Qualquer coisa, já colocavam o nosso nome — diz o meia.
Jajá garante que em três meses na Capital saiu apenas três vezes à noite: um aniversário de um companheiro de time e mais outros dois de amigos, todos "normais, de voltar tranquilo para casa". Aos 32 anos, o meia parece ter encontrado seu lugar em Bangcoc. Está adaptado à cidade e aos hábitos.
Nas folgas mais longas, costuma conhecer as praias de belezas inacreditáveis. Mesmo que a noite em Bangcoc seja mundialmente famosa, garante estar sossegado. Mora em uma região de classe média alta, numa boa casa com o irmão e um amigo, que fica responsável pela comida e pelo "feijãozinho, que nuca pode faltar".
Os planos para 2018 passam por empilhar gols – já fez três em oito jogos (confira o primeiro no vídeo acima) – e curtir o bom momento na cosmopolita Bangcoc. Seu contrato vai até o final de 2019. Tempo suficiente para cumprir suas metas.