Um goleiro formado no Inter o no início dos anos 2000, apontado como grande promessa e com passagens por seleções brasileiras de base estará no caminho do Grêmio na semifinal do Gauchão. Fabiano Heves, 35 anos, nascido em São Borja e criado no Beira-Rio rodou o mundo antes de desembarcar em novembro no Avenida para, finalmente, disputar seu primeiro Gauchão.
Fabiano surgiu no Inter com status de futuro titular do Inter. Frequentava seleções de base, era patrocinado por multinacionais de materiais esportivos e parecia questão de tempo sua ascensão. Subiu para o grupo principal em 2002 e, no ano seguinte, era reserva de Clemer. Havia sido convocado para o Mundial Sub-20 com os colorados Daniel Carvaho e Nilmar e outros nomes que hoje são estrelares, como Daniel Alves e Fernandinho, nomes certos na Copa da Rússia.
Só que, quando a seleção estava na Malásia, em preparação, o Mundial dos Emirados Árabes acabou adiado para novembro, em virtude da Guerra do Iraque. Fabiano voltou ao Beira-Rio e, quando surgiu o boato de que voltaria aos juniores para jogar e ganhar ritmo, se revoltou. Discutiu com o então vice de futebol Vitório Piffero e acabou escanteado. A briga custou-lhe a vaga na seleção sub-20 – os convocados foram Jefferson, do Botafogo, Andrey, do Grêmio, e Fernando Henrique, do Fliminense. No ano seguinte, o goleiro forçou a saída. Tinha um longo contato pela frente, mas insistiu pela rescisão.
— Não entendia, não tinha noção do que era o futebol, Acabei tendo um desgaste com ele (Piffero) e até com o Chumbinho (gerente de futebol), que eram meus amigos. São erros imperdoáveis, o tempo não volta para corrigi-los. A gente aprende — diz o goleiro, por telefone, antes de treinar com o Avenida.
Depois de sair do Inter, Fabiano rodou por Juventude, Paraná e vários clubes do Interior paulista. Em busca de lugar ao sol, topou jogar no Sport Huancayo, do Peru.
Foi lá que sua vida tomou um rumo inesperado. No Huancayo, Fabiano conheceu o técnico guaraní Cristóbal Cubilla. Dois anos depois, em 2012, Cubilla o levou para jogar no Carapeguá. Desde então, são cinco anos no Paraguai. Dois deles foram no Rúbio Ñú, cujo um dos gestores é o ex-zagueiro Carlos Gamarra. Heves se adaptou tanto ao país que decidiu fixar residência. Claro que o casamento com a advogada paraguaia Aida Romero foi decisiva, assim como o nascimento do pequeno Matteo Benício. O pequeno completou um ano no último dia 17, enquanto o pai se firmava como titular do Avenida.
Fabiano chegou a Santa Cruz do Sul em novembro. Começou como reserva e, há nove jogos, assumiu como titular. Sua entrada coincidiu com a bom momento. São nove jogos sem perder e a histórica semifinal contra o Grêmio. O confronto, aliás, faz reacender no goleiro a origem colorada.
— Cheguei com 14 anos no Inter, foram sete anos no clube. A rivalidade, a gente nunca perde. Sempre tem aquele chip guardado lá no fundo, sabe que é algo especial. Essa decisão também tem essa coisinha do colorado — diz a promessa do futebol que a vida levou para o Paraguai.