Recostado em um dos bancos do Estádio dos Eucaliptos, onde o Avenida começará a decidir uma vaga na final do Gauchão contra o Grêmio no domingo, o técnico Fabiano Daitx, 43 anos, recebe a reportagem de GZH com um sorriso no rosto. Responsável por eliminar o Caxias, em pleno Centenário, o jovem treinador faz questão de dividir o mérito pelo grande momento do clube com jogadores, colegas de comissão técnica e também a diretoria. Veja o que o Daitx tem a dizer sobre o confronto com o Grêmio e, sobretudo, a condição do gramado de seu estádio, criticada por Renato Portaluppi após o Gre-Nal.
Como vocês estão vivendo este momento mágico para o Avenida?
Nós estamos realizando um sonho. No momento em que classificamos, independentemente de pegar Grêmio ou Inter, começamos a visualizar o confronto. Tanto um quanto o outro daria o cenário de realizar um sonho. No momento, o Grêmio é o campeão da América. Há três meses atrás, estava jogando o Mundial contra o Real Madrid. Você imagina para um time que tem praticamente a base que jogou a segunda divisão, o que significaria vencer o Grêmio? Vamos jogar, e neste jogo, podemos vencer. Vamos confirmar no domingo se realmente existe tanta diferença entre o campeão da Libertadores e o vice-campeão da segundona.
Qual é o segredo desta grande campanha no Gauchão?
Vem do presidente (Jair Eich), a maneira como ele faz o futebol. Ele é um apaixonado, faz do clube uma paixão. Ele oferece condições boas de trabalho, tenho uma relação de extrema confiança. Nunca pensei, se perder, vou balançar no cargo. Eu e o vice-presidente (Guilherme Eich) que montamos o time. Nossa relação é muito boa, isso acontece também com o time. Temos direção, comissão e jogadores em um projeto só. Temos continuidade, base de time. Quem chegou, entrou nisso e somou. Esse é o segredo do Avenida, não foi sorte.
O Avenida tem longa invencibilidade em casa. Como explicar isso?
Faz quase um ano que não perdemos aqui. Acredito que tem a ver com a postura, os outros times não vêm muito para o ataque. Nós temos uma maneira de jogar que não é de se expor. Tento passar uma ideia de que, mesmo sendo forte defensivamente, a gente não vai deixar de jogar. Contra o Caxias, perdendo por 2 a 0, tentamos sair jogando. Mas não correndo para cima do adversário. É ter organização para atacar, mas não deixar de ter consistência defensiva. Tento não oferecer o contra-ataque ao adversário.
O Renato criticou o gramado do estádio dos Eucaliptos. Qual é sua avaliação?
O gramado do Avenida é bom. Não é espetacular que nem o da Arena, que até estava com problemas na semana passada, ou do Beira-Rio. Mas está em um bom nível. Sobre o gramado, o Renato foi melhor do que o Cristiano Ronaldo jogando em gramados muito piores do que ele vai enfrentar aqui. Não foi o que ele disse? Na época dele, só tinha grama ruim. O jogador joga em qualquer gramado. O gramado não pode ser justificativa para nada. Aí vão estar querendo arrumar desculpa. O bom joga em qualquer lugar. Nosso gramado está dentro de um nível muito aceitável, não está ruim não.
E se chover, como está previsto para antes do jogo, como fica?
Se der muita chuva e o gramado ficar encharcado, isso vai dar uma situação de dificuldade maior. Dificulta para os dois times. No futebol, não tem como escolher o que vai enfrentar. Você precisa estar preparado para todas as situações. O Grêmio já enfrentou tudo que é situação, por isso é muito forte. Eles já enfrentaram outras competições com campo ruim. Por isso que é um time muito competitivo e forte. Estamos em um processo de sequência, então podemos fazer um bom confronto em casa.
O Renato confirmou o Arthur como titular no domingo. O que isso muda para vocês?
Ele foi contratado pelo Barcelona, não é todo dia que isso acontece. Mas eu me pergunto, como o cara contratado pelo Barcelona vai estar com a cabeça voltada para o que vai fazer no domingo? Que ele tem um altíssimo nível, não tenho dúvidas. É um extraclasse. Fico pensando se eu estivesse contratado pelo Barcelona, se não iria estar com minha cabeça lá. Minha opinião é que não dá para separar. Não tem um botão para esquecer. O meu jogador está jogando pelo fato histórico, pelo prato de comida de amanhã, vamos enfrentar jogadores de primeiro nível do futebol mundial. Ele estará com a cabeça aqui? Eu não conseguiria.
Como será a postura do Avenida contra o Grêmio?
Nossa maneira de jogar aqui não vai mudar. Mas preciso melhorar o sistema defensivo. Não posso pensar que vou ganhar do Grêmio sendo ofensivo. O Avenida não pode pensar que vai agredir para ganhar. O Avenida pode vencer o Grêmio se fizer um grande jogo e conseguir neutralizar os pontos fortes que o Grêmio tem. Vamos fazer um desenho de uma série de situações que o Grêmio tem para neutralizar. Se vamos conseguir ou não, vamos descobrir no domingo.
Vocês podem repetir o que o Novo Hamburgo fez no ano passado?
Acredito que a gente possa. O Novo Hamburgo mostrou que foi possível. Até nisso é pior para nós, o Grêmio já passou por isso. Então, eles não serão surpreendidos. Nosso confronto com o Grêmio vai ser mais difícil do que foi o deles com o Novo Hamburgo. Um ano atrás, o Grêmio achava que ia passar e caiu. Eles já tiveram esse erro, se eles perderem para a gente, não será por soberba. O Novo Hamburgo teve méritos, mas sempre tem aquela coisa do grande achar que já ganhou. E isso o Grêmio não terá.