Um dos maiores goleadores das categorias de base do Inter, Rafael Porcellis voltará ao Beira-Rio nesta quinta-feira como centroavante do São José. Foi um longo caminho até esse retorno. Para se mais exato, nove anos. nesse período, o jogador de 31 anos e 1m87cm rodou por Suécia, Portugal, Polônia e Emirados Árabes até desembarcar no Passo D'Areia.
Porcellis despontou no Inter como uma grande promessa. Empilhou gols pelas categorias de base. Entre os títulos de goleador estão os Gauchões Infantil (2002), Juvenil (2004) e Júnior (2006), além da Copas Nike (2002) e Santiago (2004). Em 2006, formando dupla com Pato, acabou como vice-artilheiro da Copa São Paulo. Tantos gols o levaram para a seleção sub-18, ao lado do goleiro Muriel e do atacante Luiz Adriano.
Apesar dos gols, Porcellis nunca ganhou chance no time principal. Não procura a fundo as razões. Talvez, acredita, tenha subido na hora errada, justamente no momento em que havia fartura de atacantes e uma lista com Sobis, Fernandão e Iarley, acrescida dos ascendentes Pato e Luiz Adriano. Restou para ele o time B, de onde saía por empréstimo para jogar Estaduais. Até que, em 2009, veio a oferta do Helsinborg, da Suécia. Pela boa relação, o Inter o liberou dos últimos seis meses de contrato. Aos 22 anos, Porcellis deixava Porto Alegre e o bairro Santa Tereza, onde nasceu e creceu, para viver na Escandinávia.
No Helsinborg, Porcellis acompanhou o último ano da carreira de Henrik Larrsson, ex-Barcelona. Jogava só quando o veterano era preservado. Mas curtiu a experiência. Aperfeiçoou o inglês e conheceu o país. Quase entrou numa furada. Estava na estrada a caminho de Malmoe, cidade de Ibrahimovic, quando recebeu telefonema de um companheiro. Contou de seu programa para aquele dia de folga e desligou. Minutos depois, um dirigente do clube ligou, apavorado. Mandou que desse meia volta. A razão? O Malmoe e o Helsinborg são inimigos, e se os hooligans do rival o vissem em seu território, não escaparia ileso.
Da Suécia, Porcellis rumou para Portugal. Ali, foram sete anos rodando por clubes pequenos e médios. O suficiente para construir uma boa reputação. Saiu apenas, a convite de um técnico, para jogar na Polônia, por Zawisza Bydgoszcz e Korona Kielce.
– Sou mais conhecido em Portugual do que aqui no Brasil. Em Portugal, tenho emprego sempre. Mas decidi voltar, aos 31 anos, ainda posso marcar lugar por aqui – explica.
Porcellis voltou também porque detectou uma oportunidade de mercado. Em férias em Porto Alegre, depois de passar seis meses no Al Arabi, dos Emirados, acompanhou no noticiário esportivo a sofreguidão dos grandes clubes por um centroavante. Calculou que, com seu faro de gol, as lições táticas absorvidas na Europa e um bom Gauchão como vitrina, as perspectivas de estar nas Séries A ou B em abril são imensas.
– Aprendi muito, principalmente em Portugal. Hoje, sou um jogador que participa do jogo mesmo sem a bola. Entendi que não é só o gol. O centroavante precisa abrir o espaço, sair para criar a jogada, fazer o pivô. Teve uma temporada em que, além dos gols, dei 12 assistências – conta.
O projeto de Porcellis teve apenas um contratempo. Depois da estreia, com gol, contra o Cruzeiro, sofreu uma lesão muscular e perdeu quatro partidas. A volta será justamente no Beira-Rio. Só esteve no estádio remodelado nos jogos da Copa de 2014. Nesta quinta-feira, o conhecerá por dentro, no reencontro com o Inter, nove anos depois.