Emiliano Iriondo é jornalista e integra a redação do site La Voz del Diablo. Antes de qualquer compreensão precipitada de sua parte, trata-se de uma mídia especializada nas notícias do Independiente, o rival do Grêmio.
Além do site, o grupo de jornalistas — e torcedores fanáticos del Rojo — mantém perfis nas redes sociais e leva ao ar, todas as segundas-feiras, ao meio-dia, o LVD Radio, na Punto, uma pequena emissora de Avellaneda.
Conversei com Iriondo, pelo Facebook. Ele só pediu que usássemos o logo do La Voz del Diablo, "porque eles são um time". Confira trechos do nosso bate-papo.
Como chega o Independiente para essa decisão com o Grêmio?
O Independiente não é o mesmo que ganhou a Copa (Sul-Americana) há dois meses, sentiu as baixas importantes de Tagliafico e Barco e ainda falta jogo para supri-las. No que diz respeito a resultados, fez três partidas no torneio (Superliga Argentina): empate, derrota e vitória, nessa ordem. Porém, eram equipes das quais se podia ganhar e sempre faltou algo.
Ou seja, o time ainda sente as saídas de Tagliafico e Barco?
Sente, sim. Mais a de Tagliafico do que a de Barco, porque, por ser o capitão, ele teria um plus na hora de jogar que hoje nenhum atleta tem. O apoio na defesa era fundamental e, hoje, a parte mais vulnerável do time é justamente essa. Barco é muito bom, mas se pode organizar o time com o que Ariel Holan tem para remediar.
As novas contratações já estão encaixadas no time?
Os reforços que estrearam se saíram bem. Menendez (extrema pela esquerda), Gaibor (meia) e Silvio Romero (atacante) são os três que mais serão usados pelo técnico. Os outros três, Veron, Braian Romero e Britez, jogarão mais pela Superliga, quando os titulares descansarem para a Libertadores.
Ariel Holan é o homem que recolocou o clube na rota das Copas?
O Independiente está se ordenando institucionalmente, mas a relação que tem o presidente do clube (Hugo Moyano, um dos líderes do Sindicato dos Caminhoneiros da Argentina) com o presidente do país (Maurício Macri) faz com que se sucedam coisas que não acontecem em outros clubes, como invasões nas sedes e outras ações que não geram uma boa imagem. De todas as maneiras, não foram encontradas provas de nada, e o clube está limpo, pelo que funciona de maneira correta. Poderia funcionar melhor. Porém, numa comparação com anos anteriores, essa direção trabalha bem. Talvez sua grande falha seja a pouca inteligência futebolística. Jogadores terminam parando em outra equipe ou ficam em seus clubes porque a direção não soube definir a transferência.
Qual o valor de conquistar a Recopa para o clube?
A Recopa é importante como toda Copa para o Independiente. Ganhá-la significa alcançar o Boca com 18 títulos internacionais, reafirmar o que foi feito dois meses atrás. A última vez que o Independiente ganhou a Copa Sul-Americana, no ano seguinte foi mal em tudo e, dois anos depois, acabou rebaixado. Esta é como uma nova oportunidade de demonstrar que está fazendo tudo de forma correta. A Recopa é a primeira de quatro oportunidades do ano para demostrar isso.
Que atmosfera espera o Grêmio no Estádio Libertadores de América na noite de hoje?
O estádio vai estar cheio, completo. A torcida vai lotar as tribunas e, seguramente, será uma festa. Não pode ser menos. Algum reconhecimento para os campeões deve acontecer e, além disso, será nesta partida que acontecerá a apresentação da nova camiseta do time. Assim, espera-se muito desta decisão da Recopa.
Depois do episódio de ameaças de morte ao técnico Ariel Holan, como está a relação do clube com os barras bravas?
A questão não está manejada e não estará nunca, Essa gente vai seguir ingressando no clube porque, de certa maneira, "manejam" a tribuna. Se bem o chefe deles (Pablo Bebote) está encarcerado, está claro que há alguém que agora ocupa seu lugar, o tema disso é que não se revelaram e simplesmente seguem parecendo torcedores do clube. Embora Holan esteja mais tranquilo, ou isso se vê nas últimas semanas, não se pode dizer que não voltarão a encará-lo para pedir dinheiro.