O Independiente perdeu duas de suas principais referências na virada do ano. O capitão Tagliafico e o meia-atacante Ezequiel Barco, principal revelação do clube desde Aguero, deixam Avellaneda. Mas permaneceu o técnico Ariel Holan, o homem responsável por reativar uma das camisas mais tradicionais do futebol mundial, e isso siginifica um senhor alento para os "rojos" de Avellaneda.
Holan pediu reforços para o ataque e ganhou quatro atacantes e um meia organizador de time. Na Superliga argentina, o time é o quarto colocado. Porém, agora dá um tempo na competição nacional e se concentra apenas no Grêmio. Afinal, para o Rey de Copas, nada é mais importante do que recuperar a coroa de maior ganhador de títulos continentais, hoje ostentada pelo Boca.
A seguir, em sete toques, confira quem é o rival gremista.
Nove dias
Enquanto o Grêmio precisará se desdobrar para atender às exigências do Gauchão e da Recopa, o Independiente apenas treinará. O clube acionou um dispositivo do regulamento da Superliga, o novo campeonato argentino, e pediu adiamento da partida de sábado, contra o San Lorenzo _ que consentiu em postergar a partida. Assim, o técnico Ariel Holan ganhou 10 dias para se preparar visando ao confronto de ida com o Grêmio. Aproveitará para encaixar no time os jogadores que desembarcaram no fechamento da janela, como o meia equatoriano Fernando Gaibor e o atacante Sílvio Romero.
O Rey de Copas
Virou uma disputa particular entre Boca e Independiente. Os dois travam ano a ano a batalha para ostentar o título de rey de Copas da América. Neste momento, a coroa está na Bombonera, com 22 taças internacionais. O Independiente, com a Copa Sul-Americana, chegou a 19 conquistas. A obsessão no lado vermelho de Avellaneda é alcançar o Boca. O que pode acontecer ainda nesta temporada. A Sul-Americana credenciou o clube a disputar a Recopa, contra o Grêmio, e a Suruga Bank, contra o Cerezo Osaka. A matemática dos sonhos se completaria com a Libertadores, em que o Independiente está no grupo 7, com Corinthians, Millonarios e Deportivo Lara, da Venezuela.
As 19 taças
- 7 Libertadores
- 2 Copas Intercontinentais
- 3 Copas Interamericanas
- 2 Supercopas
- 1 Recopa
- 2 Copas Sul-Americanas
- 2 Copas Ricardo Aldao*
*Instituída em 1913 e disputada até 1947, confrontava os campeões da Argentina e do Uruguai
O bruxo
Sua escalação contra o Grêmio ainda é incerta. Mas, pelos resultados recentes, o Bruxo de Gorina estará na beira do campo na decisão da Recopa. Foi assim na semifinal da Copa Sul-Americana, contra o Libertad, e nas partidas da final contra o Flamengo. O Bruxo ficou, inclusive, no banco de reservas, com direito a uniforme da comissão técnica. Trata-se de Manuel, um curandeiro que atende em uma casa simples no povoado de Gorina, distrito localizado próximo a La Plata. Tem fama por resolver problemas de saúde, amor e profissionais. Ela ficou maior depois de que apareceu na delegação da seleção argentina no confronto decisivo contra o Equador, em que Messi e companhia garantiram vaga na Copa de 2018. O Bruxo de Gorina chegou ao Independiente por intermédio do terceiro goleiro, Damián Albil, que o conhecia dos tempos de Estudiantes, clube em que teve participação na conquista da Libertadores 2009, a convite de Juan Verón.
Ligações perigosas
O sobrenome que comanda o Independiente está intimamente ligado à barra brava do clube e serve de modelo mais bem delineado de como funciona a relação entre dirigentes e torcedores violentos na Argentina. Pablo Moyano, primeiro vice e filho do presidente, Hugo Moyano, teve o nome citado pelo líder dos barras, Pablo "Bebote" Álvarez, líder dos barras e preso a pedido da Interpol. Aqui um parêntese. Bebote só foi preso depois que o técnico do Independiente, Ariel Holán, denunciou suas ameaças e achaques em outubro do ano passado. Em seu depoimento à polícia federal argentina, Bebote revelou como tinha acesso a ingressos e de que forma o clube os incluía em seus registros de sócios para ingresso nos estádios. Um dos seus contatos nos gabinetes do Independiente era justamente Moyano filho. As investigações seguem. Em dezembro, Holan renunciou ao cargo de técnico, por falta de segurança. Voltou atrás ao receber garantias de segurança por do clube e das autoridades.
Altas e baixas
Ariel Holan perdeu nomes importantes do time de 2017. Os principais deles, o meia Ezequiel Barco, vendido ao Atlanta United, da MLS, por US$ 14 milhões, e o zagueiro e capitão Tagliafico, ao Ajax, da Holanda, por US$ 5 milhões. O meia Erviti foi descartado pelo técnico e estremeceu o ambiente. O cofre abarrotado tornou profícua a janela de verão para Holan. Ele pediu meias e atacantes, carência de 2017. E levou. Vieram os atacantes Silvio Romero, do América-MEX, Brian Romero, do Argentinos Jrs., Menéndez, do Talleres e Gonzalo Verón, do DC United. Para o lugar de Barco, chegou o meia Gaibor, do Emelec. O clube trouxe ainda o lateral Britez, do Unión, de Santa Fé.
Time e muxoxos
A quantidade de atacantes alvoroçou o ambiente. No sábado, no 1 a 0 sobre o Colón, o centroavante Gigliotti, destaque na reta final da Sul-Americana, foi substituído e saiu às turras com Ariel Holan. Dos novos contratados, apenas Menéndez começou como titular. Gaibor entrou no segundo tempo, no lugar do irritado Gigliotti. Sílvio Romero ficou no banco. Os demais nem foram relacionados. Holan pretende aproveitar os dias livres até a partida contra o Grêmio para encaixar Gaibor e Sílvio Romero na equipe _ e isso pode ajudar o Grêmio, já que Gigliotti passará à reserva, o que abre facilitaria uma negociação. O time de sábado, no 4-2-3-1, teve Campaña; Fabrício Bustos, Alan Franco, Jorge Figal e Sánchez Miño; Diego Rodríguez e Nico Domingo; Leandro Fernández, Maxi Meza e Menéndez; Gigliotti.
O craque
Maximiliano Meza chegou do Gimnasia-LP em setembro de 2016. Mas demorou a se firmar no Independiente. No ano passado, apesar do grande destaque de Barco, ele fechou o ano com destaque e como a outra referência técnica da equipe. Fez a torcida se esquecer de Rigoni, vendido no início do ano ao Zenit e figura na seleção de Jorge Sampaoli. Trata-se de um meia vertical e de intensa movimentação, capaz de ocupar todas as zonas de área à área. Meza é apontado em A vellaneda como o ponto de equilíbrio do time. Se ele vai mal, o Independiente também vai. Agora, se ele atinge seus melhores rendimentos, o time sobe e se fortalece.