As explicações de Vitorio Piffero ao programa Sala de Redação desta quinta-feira, ampliadas na entrevista publicada em GaúchaZH, deixaram, ainda, alguns questionamentos à espera de respostas. O ex-presidente alega razões políticas e o rebaixamento como motivações para que sua gestão seja tão devassada. E ele até não está errado.
Mas daí a dizer que só por isso suas contas foram reprovadas pelo Conselho Fiscal há uma distância muito grande. Depois disso, vieram os apontamentos feitos por auditorias que, compilados, resultaram no relatório da comissão instaurada pelo Conselho Deliberativo.
Aliás, foi com base nesse relatório de 12 tópicos da comissão, comandada pelo conselheiro José Amarante, que as contas do Inter chegaram ao Ministério Público, onde iniciou-se uma investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
Pegando por base o relatório da comissão do Conselho, há apontamentos que necessitam, ainda, de melhor esclarecimento. Por exemplo: "muitas notas possuem numeração sequencial e foram concentradas em poucos fornecedores"; "adiantamento via caixa sem nenhum contrato de prestação de serviço associado [...]"; "alto volume de adiantamentos concedidos no ano de 2016 (R$ 18 milhões), com fragilidade no processo de adiantamento desde a solicitação até a prestação de contas sem o devido controle formal"; "[...] do total de R$ 46 milhões em notas fiscais de entrada em 2016, 98% não passaram pelo processo de requisição, cotação e emissão de ordem de compra no sistema".
Esses são só alguns dos 12 itens listados pela comissão e que estão sendo rastreados pelo MP. Em paralelo, uma outra comissão, comandada pelo conselheiro e procurador Ubaldo Flores também faz investigação desde outubro. Piffero alega que ainda não foi chamado ao Conselho para que dê suas explicações e que, enquanto isso, é julgado sem chance de defesa pelas redes sociais e pela imprensa. No que faço coro à sua reclamação. Já passou da hora de o Conselho entregar-lhe a tribuna para que apresente suas explicações.