Em menos de uma semana, o Inter dará o pontapé inicial na temporada 2018, talvez a mais importante dos últimos anos. Será o ano da volta à elite e, mais do que isso, de mostrar que a Série B foi um acidente isolado na trajetória do clube.
Responsável pelo futebol, o vice Roberto Melo trabalha para entregar um grupo robusto a Odair Hellmann, esse sua aposta mais ousada neste um ano à frente do cargo. Nesta entrevista, Melo revela o que pensa para o Inter em 2018 e também de contratações. Ou melhor, da dificuldade de fazê-las em dias de contas apertadas. Confira trechos da conversa.
Qual o conceito de jogo pensado para o Inter de 2018?
A gente fala sempre, parece chavão, mas buscamos um time equilibrado. A gente sabe que o Inter precisa propor sempre o jogo, principalmente, no Beira-Rio. Temos jogadores de qualidade para isso. Agora, eles têm de ser estimulados nos treinos a jogar em aproximação, com triangulações, praticando um jogo apoiado. Não se pode, no futebol moderno, abrir mão da velocidade, da força da equipe. Uma equipe sem velocidade, sem força, sempre ficará fragilizada. Se quiser ter qualidade, um time precisa trabalhar. E, assim, o Odair vai trabalhar em conjunto com a comissão dele, para que o Inter possa ter posse de bola e propor o jogo, mas também para ter opções mais ali na frente, principalmente, de velocidade. Uma equipe não se faz com apenas uma forma de atuar em campo.
Pelas contratações encaminhadas, como Wellington Silva e Rithely, percebe-se que o Inter repetirá o 2017, quando fez da velocidade a sua principal estratégia.
Essa é uma das ideias, mas queremos ter opções variadas de jogo. Percebemos a carência que tínhamos de um extrema que tenha velocidade e drible, que tenha o um contra um e seja ofensivo, característica, principalmente, do Wellington Silva. Ele tem o um para um muito forte, quebra as linhas com muito frequência. Às vezes, podemos usar também os meias para que possam jogar pelo lado ou compor por dentro. São duas variáveis que vão depender do treinador, do jogo. Nesse exemplo dos meias que podem sair pelo lado, temos o Camilo. É um jogador que pode ser usado do lado, mas entrando por dentro.
O que você acredita que ficou do time de 2017?
Temos uma base. A gente tem, por exemplo, uma coisa que o Flamengo está buscando, que o Atlético-MG foi buscar no Ricardo Oliveira. Quase ninguém tem o centroavante. Nós, aqui no Inter, temos dois. Temos outros jogadores que compõem essa base. A espinha dorsal, com o goleiro, uma boa dupla de zaga, o volante e o centroavante. Precisamos reforçar, todos os setores precisam de reforços. Mas já não é a mesma necessidade do início deste ano. Se for pegar um comparativo do primeiro jogo de 2017, contra o Veranópolis, hoje é um time totalmente diferente. Agora, o Inter começa o ano com Damião, Pottker, Cuesta e Klaus.
Quantos jogadores virão?
Não temos um número. Trabalhamos para reforçar todos os setores.
O orçamento de 2018 será votado hoje, mas já se sabe que a situação financeira do clube é delicada Como fica o futebol nesse cenário?
O orçamento prevê a necessidade de venda de, pelo menos, dois jogadores em 2018 para equilibrar as contas. Vendemos só o William em 2017 (para o Wolfsburg). Para equilibrar, precisa, infelizmente, vender dois, pelo menos, no ano. O investimento em contratações vai depender das vendas. Talvez um em cada janela.
O William Pottker é o jogador que seria a bola da vez para uma venda neste momento?
É o jogador para o qual chegam mais sondagens. Mas não temos proposta neste momento por ninguém do nosso grupo.
Apostar em atletas jovens na lateral-direita não é arriscado? O Inter cogita buscar um nome mais afirmado, caso de Buffarini, por exemplo, disponível no São Paulo?
Mas o Buffarini, exemplo citado por ti, não conseguiu afirmação no São Paulo. Embora seja bom jogador. É preciso ter convicção no jogador que você vai contratar. Mesmo que seja jovem, a ideia é de que possa chegar e disputar a posição de titular.
O Rithely, caso se confirme, é um jogador de características semelhantes às do Edenilson. Qual a ideia em trazer esse jogador?
A primeira explicação é de que não há no grupo reposição ao Edenilson. Tivemos dificuldade quando ele ficou de fora em 2017. Mas também não vejo motivos que os impeçam de jogar juntos, até porque o Rithely já atuou como primeiro volante no Sport. É jogador de força, tem boa velocidade e chega mais à frente. O Edenilson pode jogar pelo lado também. O que queremos é dar alternativas à comissão técnica.
Sem dinheiro, a saída será mesmo usar os jogadores disponíveis no grupo e buscar trocas?
É difícil, realmente, contratar sem recursos disponíveis. Seria fácil para a gestão fazer as aquisições e endividar o clube, contratar para a próxima gestão pagar, assim como estamos pagando contas de gestões passadas. Não vamos fazer isso, não é nossa ideia. Queremos ter muito critério, muita convicção e muita certeza de que o jogador vai dar certo. O Montoya era caro, cerca de 5 milhões de euros. Fez uma grande Libertadores, pelo Rosario, foi para a Europa e não conseguiu jogar. Tem 50 e poucas partidas e três gols no Sevilla. Tratava-se de um investimento muito caro pela carreira. Ficaria fácil comprá-lo, mas seria irresponsabilidade nossa. Não podemos cometer equívocos em grandes contratações. Não podemos errar. Comprar para os outros pagarem é fácil. Vamos contratar com critério.
A questão que emperra a ida do Sasha para o Fluminense seria o salário, que acaba também dificultando a vinda do Wellington?
Um negócio é independente do outro. A ida do Sasha em nada tem a ver com a vinda do Wellington Silva. São operações diferentes. Estamos conversando com o Fluminense. Seria um negócio por empréstimo de um ano. Mas tudo depende de ajustes financeiros.