Lembram-se do Bergson? Pois o centroavante formado, e quase nem aproveitado, no Grêmio rodou o mundo e, aos 26 anos, se prepara para finalizar a sua volta por cima. Ele aproveita os últimos dias de férias e se prepara numa academia no bairro Cidade Baixa para se apresentar ao Atlético-PR. Depois de rodar pelo futebol da Coreia do Sul e por Juventude, Portuguesa, Braga-POR, Náutico e Paysandu, o guri criado no Alegrete desembarcará em Curitiba com o status de terceiro maior artilheiro do Brasil em 2017 e goleador da última Série B e do Campeonato Paraense. Fez 28 gols e fechou o ano apenas atrás de Henrique Dourado, com 32, e Fred, com 30. Por telefone, a coluna conversou com Bergson. Confira.
Qual a sensação para um centroavante fechar o ano com tantos gols?
Foi algo que almejei no começo da temporada. Busquei, sempre estar fazendo gol, tendo bons números em relação a gols e jogos. Foi o ano em que mais atuei tive sequência. Acreditei no meu trabalho.
Você surgiu como promessa, esteve em seleções na base, mas levou mais tempo para estourar.
É um processo, vamos ganhando uma certa cancha, uma certa maturidade. E isso só vem com o passar do tempo. Você consegue sequência de jogos, adquire a confiança da equipe e da comissão técnica. Acredito que ganhei isso no Paysandu. Não é que demorou (para estourar), às vezes, requer mais tempo. Quando subi (em 2008, no Grêmio), era muito novo. Não tive tantas oportunidades como outros tiveram. Minha cabeça é outra. Hoje estou madura e me apresentei. Tenho uma família que me ajuda bastante, pais, irmãos. A base familiar ajuda muito o atleta.
A rodagem, principalmente, pela Coreia do Sul ajudou nesse processo?
Saí do Grêmio e fui emprestado para dois clubes coreanos, em 2011,ao Suwon Bluewings, e 2015, para o Busan. Foi uma experiência boa, de vida mesmo, de amadurecimento e crescimento pessoal. Evoluí bastante, passei a ser mais profissional. Voltei da Ásia mais pronto. Tive de morar sozinho, fazer comida, ir ao supermercado. Isso em outro país, em um lugar em que não entende a língua.
Ficou uma mágoa de nunca ter sido aproveitado no Grêmio?
Na verdade, mágoa, rancor, não. Mas certa insatisfação, sim. Depois de sair, houve muitos jogadores que não tiveram a metade do destaque que tive na base e receberam mais chances. Tive dois jogos em sequência no profissional do Grêmio. Mas isso são águas passadas. Hoje sou outro atleta e outro jogador.
Você acredita que aquele episódio do jogo contra o Flamengo, que decidiu o Brasileirão, marcou você (Bergson entrou no segundo tempo e fez um gesto com a mão que acabou mal interpretado).
Muita gente lembra disso. Acredito que o que falaram na época não condiz com a verdade, A gente estava subindo, eu Douglas Costa, Roberson, Adilson, jogávamos pelo prato de comida. Foi minha estreia, entrei para fazer o jogo da minha vida. Não iria entrar para tirar o pé numa estreia.
O que você disse?
Eu falei uma coisa, acharam que tinha dito outra. E ficou até comprovado pela leitura labial na TV. Falei para continuar a mesma coisa. O pessoal entendeu que tinha dito que era para não chutar. Mas passou, ficou lá atrás.
E a ida para o Atlético-PR, agora?
É um novo rumo, uma nova vida, uma motivação totalmente diferente, uma outra atmosfera. Estou pronto para encarar. Eu escolhi o Atlético-PR, pela estrutura e pela projeção. Foi o melhor que poderia ter feio. Nem falo da parte financeira, até porque não foi a proposta mais alta. Escolhi pelo projeto do clube.