As mesas de Fla-Flu estão espalhadas em bares, clubes, escolas e casas. Em todos os tamanhos, desde as pequenas até as profissionais, são diversão garantida para a gurizada e os adultos. Em estabelecimentos comerciais, podem ter o ficheiro. Sempre que me perguntei: por que o jogo é chamado de Fla-Flu na terra do Gre-Nal? Em recente edição do Jornal Nacional, o apresentador William Bonner lançou o mesmo questionamento.
O nome oficial no Brasil é pebolim, derivado das palavras "pé" e "bolinha". Em um exercício de lógica, poderia imaginar que as primeiras mesas no mercado gaúcho chegaram com os jogadores pintados nas cores do Flamengo e do Fluminense. Em busca de resposta, procurei uma das referências do esporte no Brasil, Clayton Fonseca, fundador da Federação Brasileira de Pebolim. Ele é jogador e proprietário de uma fábrica de mesas de pebolim no estado de São Paulo.
Com base em pesquisas, mas sem registros oficiais para corroborar, Fonseca ouviu a história de dois irmãos do Rio de Janeiro que trouxeram uma mesa quando se mudaram para o Rio Grande do Sul. Um torcia para o Fla e outro para o Flu. Quando jogavam, falavam que era um Fla-Flu. Outros jogadores, gaúchos, teriam propagado o nome do pebolim como Fla-Flu.
No Dicionário de Porto-Alegrês, o professor Luís Augusto Fischer incluiu o verbete "pacal", que era como conhecia o jogo na infância, anos 1960, no bairro São João, Porto Alegre. É uma informação importante. O nome Fla-Flu pode ter surgido mais tarde ou não era tão disseminado. Em Santa Catarina, chamam de pacau.
No Brasil e no mundo, o esporte tem muitos nomes. O jogo no Rio de Janeiro e estados do Norte e do Nordeste é o totó. O nome pebolim é usado em São Paulo.
A origem do jogo também gera controvérsia. Os espanhóis acreditam que o inventor do "futbolín" foi Alejandro Finisterre, hospitalizado durante a Guerra Civil, na década de 1930. Inspirado no tênis de mesa, desenvolveu o jogo para crianças feridas, impossibilitadas de jogar futebol.
O pebolim chegou ao Brasil na década de 1950. Curiosamente, gerou muitas reações em São Paulo. Em 1953, o jornal A Tribuna publicou discurso do vereador paulista José Moura, que elogiou a proibição das mesas em Santos. Ele bradava que "o diabo do pebolim" fazia crianças deixarem de ir para a escola, gastando dinheiro que deveria ser usado em livros. O jornal A Noite noticiou ação da polícia paulista, naquele ano, contra estabelecimentos que permitiam jogos de bilhar e pebolim para menores de 18 anos.
Garrincha e companheiros da seleção brasileira jogavam pebolim durante a preparação para a Copa do Mundo, em 1962. Em 2002, foi fundada a International Table Soccer Federation, federação para organizar as competições do esporte no mundo.