A travessia do Guaíba deixou de ser apenas em balsas no final da década de 1950. Na tarde de 28 de dezembro de 1958, o governador Ildo Meneghetti inaugurou o conjunto de pontes em Porto Alegre. A principal tem um vão móvel, içado para a passagem de navios.
A construção durou três anos até a liberação do trânsito de veículos. Em torno de 3,5 mil trabalhadores participaram das obras, iniciadas em outubro de 1955 pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Na inauguração, ainda não estavam prontas todas as alças de entrada e saída em Porto Alegre. O nome Travessia Engenheiro Régis Bittencourt foi uma homenagem ao presidente do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (Dner), que participou da cerimônia de abertura.
Os engenheiros do Daer estudaram três projetos para a travessia. Um previa a ponte na zona sul de Porto Alegre. Outro teria um túnel na região da Usina do Gasômetro. A proposta tirada do papel considerou o menor impacto no trânsito centro de Porto Alegre, passando pelas ilhas do Delta do Jacuí até a Avenida Sertório, na pulsante região industrial da cidade.
A obra teve 15 quilômetros de extensão, do bairro Navegantes até a bifurcação das BRs 2 e 37 (BRs 116 e 290). Além de aterros, o projeto incluiu quatro pontes: vão móvel (575 metros), canal Furado Grande (344 metros), Saco da Alemoa (774 metros) e Rio Jacuí (1.755 metros). O governo contratou a firma Azevedo, Bastian & Castilhos para a construção. O vão móvel foi fabricado pela Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro.
A travessia a seco foi uma revolução para os transportes e a economia, reduzindo o tempo para ligação de Porto Alegre com Sul e Oeste do Estado. Antes das pontes, a travessia da capital gaúcha para Guaíba era fluvial. As barcas levavam passageiros, mercadorias e veículos. Os caminhões representavam 60% do movimento.
Em Porto Alegre, o ancoradouro ficava na praia da Vila Assunção, na Zona Sul. A distância para a cidade de Guaíba era de seis quilômetros, com duração de 30 minutos nas viagens. O tempo perdido era maior, considerando as operações para carga e descarga. Em 1955, uma barca saia também do Estaleiro Só, atual Pontal Shopping.
A travessia rodoviária do Guaíba era um sonho dos gaúchos até a década de 1950. Como previram os jornais da época, a ponte virou um cartão-postal de Porto Alegre.