Para acabar com as demoradas viagens das barcas, engenheiros começaram a discutir no final da década de 1940 uma alternativa para travessia do Guaíba. Porto Alegre já estava com quase 400 mil habitantes. O número de carros, caminhões e ônibus crescia com as novas estradas construídas no Rio Grande do Sul. Três alternativas foram analisadas. Os projetos estão detalhados no filme Diretrizes Rodoviárias Nº 5, de 1953, produzido pela Leopoldis-Som para o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER).
Uma alternativa previa a construção de ponte no ponto mais próximo entre a capital gaúcha e a cidade de Guaíba. As obras partiriam da área de embarque e desembarque das barcas na Vila Assunção, na zona sul de Porto Alegre. O principal ponto negativo seria o custo com desapropriações e obras viárias para reduzir os congestionamentos na cidade. Imagine a confusão no trânsito da Zona Sul com a chegada e saída de veículos rumo ao sul e oeste do Estado.
Outro projeto envolveria viaduto, ponte e túnel. O começo seria onde ficava a Casa de Correção, ao lado da Usina do Gasômetro, passando pela Ilha da Pintada e chegando ao município de Guaíba. Além do custo, o impacto no trânsito no centro de Porto Alegre seria terrível.
Em 1950, reportagem da Revista do Globo chegou a anunciar que "em breve" começariam as obras do túnel. Além de justificativas viárias para a opção, o complexo poderia ser abrigo em caso de bombardeios aéreos. A obra deveria durar três anos e meio. Pelo projeto, teria nove metros de diâmetro, com duas faixas de tráfego. Por 15 anos, o governo do Estado cobraria um pedágio, no mesmo valor do serviço das barcas, para cobrir os custos da construção. Como sabemos, a obra não saiu do papel.
Um terceiro projeto foi o escolhido, já que evitaria os congestionamentos na capital e faria uma melhor ligação das rodovias. O conjunto de pontes e viadutos pela região das ilhas, no Delta do Jacuí, foi liberado para o trânsito em dezembro de 1958. A ponte com vão móvel atraiu a curiosidade dos gaúchos e virou símbolo de Porto Alegre. Em torno de 3,5 mil trabalhadores participaram das obras, iniciadas em 1955 pelo DAER. O nome Travessia Régis Bittencourt foi uma homenagem do governador Ildo Meneghetti ao presidente do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).
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