Em um busto de bronze na Praça Saldanha Marinho, Santa Maria homenageava o poeta Felippe D'Oliveira. Esculpido pelo ítalo-brasileiro Victor Brecheret, a obra de arte foi inaugurada em 1935. Para perplexidade dos admiradores do escritor, o busto desapareceu. A Polícia Civil investiga o furto e a prefeitura promete recompensa para quem ajudar na localização. O santa-mariense também é homenageado em Porto Alegre, dando nome à Rua Felipe de Oliveira, nos bairros Santa Cecília e Petrópolis.
Felipe Daudt de Oliveira, que adotou o nome artístico Felippe D'Oliveira, nasceu em 23 de agosto de 1890, doze dias depois do assassinato do pai. Ele foi o terceiro filho de Felipe Alves de Oliveira e Maria Adelaide Daudt de Oliveira. O pai, pernambucano, era juiz e delegado de polícia. Por questões políticas, acabou morto em frente ao antigo fórum de Santa Maria.
Na infância, Felippe D'Oliveira já publicava seus primeiros versos no jornal O Combatente. Sem o pai, teve como tutor o tio João Daudt Filho, farmacêutico e empresário. A família se mudou para Porto Alegre quando o menino estava com 12 anos. Na capital gaúcha, ele também se formou farmacêutico. Além dos negócios familiares, o jovem escrevia poemas e críticas de arte em jornais cidade.
Em 1910, surgiu mais uma viagem para Felippe D'Oliveira. A família abriu laboratório farmacêutico no Rio de Janeiro. Lá, o jovem santa-mariense passou a circular nas rodas da alta sociedade. Escrevia para jornais e na famosa revista Fon-Fon. Além de praticar vários esportes, participou de entidades de remo e esgrima.
Na política, o santa-mariense apoiou a Aliança Liberal na Revolução de 1930. Depois de dois anos da chegada do grupo de Getúlio Vargas ao poder da República, ficou no lado contrário na Revolução Constitucionalista de 1932. A derrota o levou ao exílio, na França. Aos 42 anos, morreu em acidente de carro perto de Paris, em 17 de fevereiro 1933. Ele era passageiro do veículo. O gaúcho chegou a ser noivo, mas não casou, nem teve filhos.
Em edição de 19 de agosto de 1937, na notícia sobre mobilização de amigos para homenagem no Rio de Janeiro, o Jornal do Brasil definiu Felippe D'Oliveira como "camarada de nobre companhia, poeta de alto lirismo e atleta de esmerado contorno". Em vida, foram publicados dois livros: Vida Extinta (1911) e Lanterna Verde (1926). Logo após a morte, um irmão criou a Sociedade Felippe D'Oliveira, encarregada de publicar obras inéditas do poeta. Outros três livros foram editados até 1938.
A Associação Santa-Mariense de Letras o homenageia como patrono da cadeira número três, ocupada pela professora universitária aposentada Lígia Militz da Costa, organizadora do livro Felippe D'Oliveira: Obra Completa (Editora UFSM). Questionada sobre a relevância do escritor para a cidade, responde que "ele dá para Santa Maria a sensação de pertencimento à literatura brasileira".
Porto Alegre
O escritor Adeli Sell, pesquisador da história das ruas de Porto Alegre, conta que a rua Dona Adélia virou Felipe de Oliveira em 14 de julho de 1939. Pelo decreto do prefeito José Loureiro da Silva, “o poeta rio-grandense Felipe de Oliveira conquistou um lugar de relevo nas letras nacionais, havendo deixando uma brilhante bagagem literária”. A via começa na Rua Silva Só e vai até a Rua Barão do Amazonas.
O santa-mariense, na juventude, fez parte de grupo de poetas simbolistas que se reunia na Praça da Harmonia, a atual Praça Brigadeiro Sampaio. Adeli Sell lembra que o ponto era conhecido como Jardim ou Recanto dos Poetas Provincianos.