Os ladrões também têm suas manias. Era o caso do Cinquenta, um bandido que tirava o sono de moradores em Porto Alegre na década de 1970. Lendo as capas antigas de Zero Hora, publicadas no Almanaque Gaúcho, fiquei curioso com uma manchete: "Só arrombava apartamentos de número 102". Na edição de 15 de fevereiro de 1973, estava a foto de um ladrão apelidado de Cinquenta.
Com ajuda do nosso Centro de Documentação e Informação (CDI), consegui a reportagem de 50 anos atrás. Compartilho com vocês o que descobri sobre o bandido encantado pelo número 102.
O criminoso Marco Aurélio da Silva, aos 19 anos, foi preso em 13 de fevereiro de 1973, na Vila Conceição, em Porto Alegre. Ele recém voltara de uma temporada em Lages. Antes de viajar a Santa Catarina, até outubro do ano anterior, era acusado de oito arrombamentos na Zona Sul, principalmente na região do bairro Cristal. O criminoso sempre tentava entrar nos apartamentos de número 102. Por quê? Considerava o seu número da sorte, para o azar das vítimas. Só arrombava outro apartamento quando considerava impossível entrar no 102.
Cinquenta procurava joias e dinheiro, mas se contentava também com rádio e outros aparelhos. De acordo com a notícia de ZH, o apelido do bandido surgiu no internato em Santa Maria, onde era o número 50 na chamada.
Não era a primeira vez que Cinquenta caia nas mãos da polícia. Na edição de 26 de março de 1970, o Diário de Notícias publicou que o criminoso e um comparsa, conhecido como Esquilo Branco, foram presos arrombando uma residência na Rua Dona Augusta, no Menino Deus. Não era a casa de número 102. O detalhe é que os dois estavam em liberdade há poucas horas, depois de habeas corpus.
Em outras buscas, depois de 1973, não localizei mais notícias relacionadas ao Cinquenta, o arrombador dos apartamentos de número 102.
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