O Conga e o Bamba eram irmãos mais velhos do famoso Kichute. As três marcas de tênis saíram das linhas de produção da Alpargatas, de São Paulo. Eles marcaram época e continuam na lembrança das crianças e adolescentes da segunda metade do século 20. O mais velho é o Conga, lançado em 1959. O Bamba veio logo depois. O Kichute só foi lançado em 1970.
Feito de lona e com solado de borracha, o Conga era barato e, muito importante, durável. A criançada tinha poucas opções de cores nos primeiros tempos. O branco e o azul foram adotados como parte de uniforme de várias escolas entre as décadas de 1960 e 1980. O tênis foi copiado por outras empresas. A Alpargatas, em propaganda de 1964, apontava os diferenciais do Conga Esporte original: moldado em uma só peça, sola que não descola e lona dupla. Nas numerações de 22 a 32, vinha com biqueira reforçada em borracha. A marca ficava gravada na sola.
O Bamba foi inspirado no All Star. O tênis também era de lona e solado de borracha. A grande diferença era o design. Em várias cores, foi usado por meninos e meninas. Na publicidade, a fabricante destacava que era o tênis perfeito para praticar esportes, com solado antiderrapante e palmilha para amortecer choques.
O Bamba custava mais do que o dobro do Conga. No anúncio de uma loja em 1977, por exemplo, o Bamba era vendido por Cr$ 59,90 e o Conga, por Cr$ 26,90. Uma pesquisa com consumidores de São Paulo na década de 1970 mostra a força das duas marcas, já que os três tênis mais populares eram, na ordem, Montreal, Conga e Bamba.
Qual era o seu tênis? Não usei nenhum dos dois, mas me marcou uma lembrança do médico Emilio Moriguchi em entrevista na Rádio Gaúcha. Contou sobre os tempos difíceis financeiramente quando a família japonesa chegou a Porto Alegre em 1968. Ele queria muito ter um Bamba, mas só podiam comprar o Conga. Nunca ganhou o sonhado Bamba.
Me fez lembrar da época da escola. Com uniforme obrigatório, a diferença de renda das famílias podia ser vista nos pés dos alunos. É assim há muito tempo. Nas gerações entre as décadas de 1960 e 1980, Conga e Bamba representavam sonho e realidade.
A Alpargatas deixou de produzir as duas marcas na década de 1990, mas relançou anos depois com outros conceitos.
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