Ainda que os olhares estejam todos voltados à indicação de Flávio Dino para o STF, com manifestações efusivas de aliados de Bolsonaro contra o nome do ministro da Justiça, ninguém tem dúvida de que o outro indicado passará com facilidade pela sabatina desta quarta-feira.
Trata-se de Paulo Gonet, indicado à PGR, cujas posições conservadoras devem lhe render até mesmo votos da oposição. Vale lembrar que ele foi elogiado por nomes ligados a Bolsonaro, como a deputado federal Bia Kicis, por ser um "conservador raiz". A estratégia de sabatina conjunta (Dino e Gonet), aliás, faz parte de uma tentativa de amenizar os ataques esperados contra Dino.
Das posições conhecidas de Gonet, há a manifestação contrária ao aborto e em defesa da vida, além de posicionamentos de não reconhecimento da responsabilidade do Estado em casos de mortes de opositores da ditadura militar. Incluídos os casos da estilista Zuzu Angel e dos guerrilheiros Carlos Marighella e Carlos Lamarca.
E por que, apesar de esquecida, essa indicação é extremamente importante?
Porque cabe ao Procurador-Geral da República investigar e processar criminalmente figuras do alto escalão da República — no caso, aquelas que têm foro privilegiado e são julgadas no STF. Inclui-se aí o próprio presidente, além dos presidentes da Câmara e do Senado.
Vale lembrar que a gestão de Augusto Aras, por exemplo, foi duramente criticada por supostamente “livrar” autoridades em investigações nos últimos anos. As críticas sobre posturas omissas e/ou lenientes apareceram em diferentes momentos.
Por isso, cabe ficar atento à indicação de Gonet e sobre qual deverá ser o comportamento do futuro PGR se aprovado — como deverá ser — para o cargo.