O ex-vice presidente da República e empossado na quarta-feira (1º) como senador pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão (Republicanos) falou ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta quinta-feira (2). Na entrevista, ele comentou a situação dos indígenas do território yanomami — tema que chamou a atenção do país, nos últimos dias, principalmente pelas imagens de pessoas, inclusive crianças, em situação de desnutrição.
Para Mourão, o episódio pode estar servindo a interesses ("questão de soberania") e é preciso investigar se, de fato, são indígenas brasileiros:
— Essa questão (yanomami) tem que ser investigada. Há um trânsito de indígenas da Venezuela para o Brasil. Então, não sabemos se esses indígenas que se apresentaram nesse estado de desnutrição, se já estavam no nosso país há mais tempo ou são recém-chegados da Venezuela. (...) A terra indígena yanomami abrange os dois lados (Brasil e Venezuela). Estou falando isso como alguém que já palmilhou aquela terra indígena. Então não é de "orelhada", nem de ouvir falar — afirmou.
O senador também sugeriu que parte dos yanomami apoia atividades de exploração ilegal de ouro na região.
— É lógico que tem (quem apoia o garimpo). Eles são divididos. Você acha que o índio quer viver o resto da vida enfurnado no meio da floresta? Índio quer celular, índio quer caminhonete. Quer conforto, quer ar-condicionado — declarou.
No governo de Jair Bolsonaro, coube ao então vice-presidente Mourão presidir o Conselho Nacional da Amazônia Legal. Ele disse que a função era de "coordenação, ou seja de colocar os ministérios para conversar um com o outro" e de "fazer eles trabalharem". Mourão também negou que tenha recebido qualquer pedido de ajuda por parte do líder indígena Júnior Hekurari.
— Eu não recebi nenhum desses pedidos (de ajuda). As únicas pessoas que estiveram comigo foram o (Davi) Kopenawa e a (Sônia) Guajajara. Conversaram a respeito da quantidade de garimpeiros. Tem aquele cálculo de que são 20 mil garimpeiros, cálculo que nós sabemos que não é o correto — afirmou.
Ouça a entrevista completa: