Que Renan Calheiros não costuma economizar nas alfinetadas contra o governo Bolsonaro já sabemos. À frente da relatoria da CPI da Covid, o ex-presidente do Senado produziu alguns dos questionamentos mais duros aos depoentes com o objetivo de apurar a responsabilidade sobre as mais de 600 mil vidas perdidas na pandemia. Agora, se dedica ao relatório final da comissão que deve ser apresentado nos próximos dias.
Nesta quinta-feira (14), as críticas de Renan também se estenderam à indicação feita pelo presidente para a cadeira vaga no Supremo Tribunal Federal com a aposentadortia do ministro Marco Aurélio Mello.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o senador afirmou que o nome é uma "indicação exótica" e atribuiu o movimento ao pastor Silas Malafaia, aliado de Bolsonaro.
— O Senado não participou do processo (de discussão do nome). O André Mendonça foi uma exótica indicação do presidente, que quis indicar alguém sugerido por Silas Malafaia, para compor a Suprema Corte do país. O Senado tem que discutir qual é o perfil do ministro, qual é a necessidade do tribunal, quem poderá acrescer, quem poderá agregar — avaliou.
Aqui cabe lembrar: a indicação de Mendonça — que precisa ser votada pelo Senado — está parada e sequer foi pautada na CCJ, já que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Davi Alcolumbre, se nega a colocar o tema em discussão. Nos bastidores, Alcolumbre é um poço de mágoas e se sente desprestigiado por Bolsonaro, daí a postura irredutível.
— A CCJ não tem prazo para observar essa indicação. Há uma contrariedade com o tipo escolhido e proposto pelo presidente. Então é natural que essas coisas demorem. Quando você tem harmonia, essas coisas andam mais facilmente. Quando há conflito, essas coisas empacam. É isso que está acontecendo — concluiu.